sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

POEMA DA NOITE Do quanto a longa noite de Paris não passa - Paulo Fichtner


 Pedro Lago - 
7.12.2012
 | 23h30m

As equanimidades sonham a 
si mesmas, a si mesmas, a si mesmas. 
Do casulo, a lagarta voará, 
depois mais outra e outra borboleta, 
mariposas nascendo de umas lesmas; 
todas revoarão pelo planeta! 
E, após se arremessarem a voejar, 
dispersar-se-ão ao toque da trombeta 
contra o céu lilás, roxo, azul-violeta... 
quando se prende a tarde a essa grilheta, 
o pássaro, tranquilo, volta ao lar, 
os bêbados retornam à sarjeta. 
A velha passa a noite a costurar 
vestidos que lhe assentem à silhueta, 
enquanto um manco tenta levantar 
na frente de batalha outro perneta, 
pois necessita um exército de estar 
bem onde a guerra para não mostrar. 
Quando se vive assim não há muleta 
que aguente a dor da perna que não há.

Paulo Fichtner nasceu em Porto Alegre em 1971. Formado em História e Civilização Francesa pela Sorbonne. Começou a escrever aos 14 anos de idade, com a obraCemitério. Publicou O Despertar do Paraíso (1999), Tumulto Secreto (2005), Contra o Chão e o Vento(2007) e Como quem parte (2008). 

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