quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - ARQUITETURA Oscar Niemeyer: o arquiteto de Brasília


Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 
5.12.2012
 | 12h00m

Já conhecido no meio acadêmico como arquiteto inovador e criativo, graças ao Conjunto da Pampulha em BH e ao edifício do Ministério da Educação no RJ, Niemeyer em 1954 vai viajar pela Europa.
Percorre vários países e fica inteiramente deslumbrado com o que vê. E sofre uma reviravolta em seu modo de encarar os estilos arquitetônicos do passado que até então considerara como incapazes de contribuir para a arquitetura contemporânea.
Passou a respeitar o significado daquelas criações como marcas das civilizações que representavam e a permanência de sua beleza como muito mais importante que o caráter transitório de suas características funcionais ou utilitárias.
A eleição de Juscelino Kubitschek à presidência da República e sua determinação em fundar uma nova capital surgiram como provável realização de um sonho. Convidado pelo presidente a desenhar o plano da nova capital, Niemeyer recusou a lembrança. Ficou decidido que o melhor seria um concurso público e o vitorioso foi o magnífico Plano Piloto de Lúcio Costa.
Mas coube a Niemeyer a criação e construção da maior parte dos edifícios públicos da nova capital, sobretudo os que formam seu eixo monumental.
A volta ao velho princípio mediterrâneo de um amplo pórtico para a maioria dos palácios oficiais deu resultados esplêndidos, comprovando como a arquitetura pode replicar monumentos do passado e ao mesmo tempo ser fiel à sua época.
Palácio Itamaraty - FotoCristiano Mascaro (autor das fotos acima e abaixo)
A inacreditável escada de acesso do saguão do Itamaraty
Muitas são as críticas e reservas feitas à funcionalidade das obras de Niemeyer em Brasília. A maioria delas no que se refere ao acabamento, à aeração e à iluminação. É inegável porém que sua arquitetura é plasticamente elegante, audaciosa, forte e leve, delicada. E que marca. É inconfundível.
A variedade das soluções encontradas nas obras de Brasília não altera em nada a perfeita harmonia entre o Plano Piloto de Lúcio Costa e a arquitetura de Oscar Niemeyer, o que resultou na mais bela realização urbanística do século 20.
Não sou arquiteta, apenas amo a arquitetura. E desconfio que o pensamento político de Niemeyer altera o julgamento das pessoas. Ao contrário dele, o arquiteto comunista, seus críticos não são democratas.
Fontes: Revistas Módulo; Azure; L’Architecture d’aujiurd’hui (1974)
Mas de tudo que li sugiro que leiam no exemplar da Revista VEJA dedicado aos 50 anos de Brasília o texto  Niemeyer, modo de usar , de André Corrêa do Lago, com fotos de Cristiano Mascaro.

 Dois dos evangelistas de Alfredo Ceschiatti  e...
seus anjos que flutuam na nossa linda catedral 

Nunca me calei. Nunca escondi minha posição de comunista. Os mais compreensíveis que me convocam como arquiteto sabem da minha posição ideológica. Pensam que sou um equivocado e eu penso a mesma coisa deles. Oscar Niemeyer

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