sábado, 15 de dezembro de 2012

Caso Lula/Marcos Valério: a separação bate à porta



Carlos Kreefft
Apesar de todos os esforços do PT e da própria presidente Dilma Rousseff para proteger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva das denúncias feitas pelo operador do mensalão, o empresário Marcos Valério, já há uma articulação para preservar a atual gestão e impedir uma certa paralisia do governo federal.
 A hora de descolar???
A preocupação tem razão de ser. Por mais que as denúncias possam ser menosprezadas por partirem de alguém que já foi condenado a mais de 40 anos de prisão e está interessado na redução de sua pena, há um desgaste da imagem do ex-presidente petista que não pode ser desconsiderado.
Caso o Ministério Público Federal decida, como foi solicitado pela oposição, abrir mesmo um processo investigativo, Lula vai continuar na mídia de uma forma negativa por muito tempo. Assim, a preocupação primeira da presidente Dilma Rousseff com o seu governo é compreensível.
Se forem considerados os mais recentes dados da economia, a situação, realmente, não fica boa para a presidente. O crescimento do país, previsto no início do ano em cerca de 4%, pode ficar na casa de 1%. As perspectivas do comércio, especialmente para este período natalino, não são otimistas. Já há comerciantes afirmando que, se as vendas de 2012 empatarem com as de 2011, já será ótimo. Portanto, a economia está passando por uma fase que exige cuidados.
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A POSIÇÃO DE DILMA
A tentativa de separar Lula e o PT do governo federal também encontra respaldo na posição que Dilma tem adotado em relação a temas mais polêmicos. Ela tem tentado tratar dessas questões de maneira mais técnica do que política. Foi assim com o Código Florestal e, ao que tudo indica, também será em relação à distribuição dos royalties do petróleo. Vetando alguns artigos e mantendo outros, a presidente deixou a questão política a cargo dos parlamentares, que estão encarregados de manter ou derrubar as vedações conforme os interesses de seus Estados.
Dilma, de acordo com informações de bastidores, tentará demonstrar, cada vez mais, independência em relação ao seu padrinho. O tamanho disso e o quanto a iniciativa será apenas uma fachada são verdadeiras incógnitas. Também é uma interrogação a forma como o PT e Lula vão lidar com as denúncias e as eventuais investigações. As possibilidades são várias, mas a eficiência de todas elas é duvidosa.
Certamente, atacar a imprensa, como Lula fez recentemente, não é um boa estratégia. Atacar a iniciativa privada e banqueiros, como também já foi feito, pode ser um tiro no pé. O resgate petista daquele velho discurso de perseguição das elites dominantes ao partido, certamente, não terá credibilidade. Até porque, parece que a legenda já se confunde com a tradicional elite política do país.
(Transcrito do jornal O Tempo)

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