Ao mesmo tempo
que declamo certezas
as mais belas
aquelas que, de tão plenas,
no fundo passamos todo o tempo a desafiá-las
e que, por não haver respostas,
seguem, dentre incertezas,
se oferecendo para serem desvendadas
que declamo certezas
as mais belas
aquelas que, de tão plenas,
no fundo passamos todo o tempo a desafiá-las
e que, por não haver respostas,
seguem, dentre incertezas,
se oferecendo para serem desvendadas
Sou também
o eterno será?
que nem dito é
Que só se sente
Que derruba tudo com um gasto dos olhos
E que também é belo
(e que há de ser belo)
mas que às vezes se confunde
(se é confundido)
com a solidão
o eterno será?
que nem dito é
Que só se sente
Que derruba tudo com um gasto dos olhos
E que também é belo
(e que há de ser belo)
mas que às vezes se confunde
(se é confundido)
com a solidão
Uma solidão adquirida
(como que escolhida)
e que, por isso, arde mais
dói ainda mais
(como que escolhida)
e que, por isso, arde mais
dói ainda mais
Mas não é
Um pouco como o sim do amor
dos afetos
como se o sorriso pudesse sempre mais do que o grito
em todos os sentidos
mesmo quando só o grito é possível, e feito
seria melhor com um sorriso
só isso
dos afetos
como se o sorriso pudesse sempre mais do que o grito
em todos os sentidos
mesmo quando só o grito é possível, e feito
seria melhor com um sorriso
só isso
Não adianta querer dar jeito
nesse incessante desrespeito que tenho
pelo que nos confina
à doutrina da felicidade futura
ne fingir que nada merece alcançar
o ponto final na caligrafia
(até o arremate do estilo)
Que não há poesia que resista ao esforço da voz
já que o tempo, veloz, virá para nos embaralhar de novo
ao início pálido
nesse incessante desrespeito que tenho
pelo que nos confina
à doutrina da felicidade futura
ne fingir que nada merece alcançar
o ponto final na caligrafia
(até o arremate do estilo)
Que não há poesia que resista ao esforço da voz
já que o tempo, veloz, virá para nos embaralhar de novo
ao início pálido
Tudo é mentira
Não sei o que falo
Só sei que amo
que nunca encerro a pergunta
que me divido
e ao mesmo tempo
me calo
que nunca encerro a pergunta
que me divido
e ao mesmo tempo
me calo
Vitor Paiva (3 de março de 1983) - Além de poeta, é músico, escritor e produtor cultural. Oriundo do CEP 20000 (Centro de Experimentação Poética) é fundador e baixista da banda Os Outros. Publicou os livros de poemas 'Tudo que Não é Cavalo' em 2004, e 'Boca Aberta' em 2007. Contribuiu com crônicas e artigos para diversos meios de comunicação, dentre eles Jornal Brasil, Pasquim 21 e a Revista da MTV.
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