domingo, 28 de outubro de 2012

Quais são e onde estão as raízes da violência urbana?



Pedro do Coutto
Numa noite, doze acidentes graves com ônibus no Rio, reportagem de Vera Araujo, O Globo de sexta-feira. Manchete principal do jornal. Crescimento incrível de assassinatos na cidade de São Paulo este ano em relação a 2011. Manchete principal também da Folha de São Paulo, matéria de Afonso Benites e Rogério Pagnan. A violência cresce e onde se localizam suas raízes? É a pergunta, já que pesquisas do IBOPE e Datafolha apontam índices de aprovação do governo Dilma Rousseff e da imagem pessoal da presidente.
O desemprego recuou, estamos em ano eleitoral, quando sempre esperanças se renovam. Mas a síntese da realidade não traduz essas manifestações. O que estará se passando? É indispensável um levantamento conjunto e profundo, uma pesquisa múltipla econômica e social que forneça as bases para um mapeamento que possa conduzir a uma interpretação ampla da fase que o país está vivendo.
Se todas as coisas que sucedem decorrem de razões concretas, é fundamental identificar-se tais razões. O problema não é de apenas segurança pública, mas de um conceito mais geral do que ela represente. Pois não se pode pensar somente na repressão, esta sucede o ato violento. Tem que ser feita, é indispensável. Porém mais importante é como evitar a violação das leis e regras sociais. Trata-se de convivência entre seres humanos. Entendimento para evitar a deflagração de uma guerra urbana, que atinge os principais centros do país.
É fundamental colocar-se instrumentos de controle preventivo nos eixos que se apresentam descontrolados. De todas as guerras, a urbana é a mais difícil e perigosa. Inclusive porque ela é declarada e praticada sem aviso, a qualquer momento, em qualquer lugar. O perigo está em toda a parte. Não é antecedido de aviso. De explicação lógica. Em nenhum local do mundo as forças de segurança podem estar em todos os pontos. Só a mensagem social veiculada pelos meios de comunicação.
Tem de ser a partir daí com o suporte de um sistema preventivo mais presente. Por isso é que se impõe o mapeamento das cidades, através de uma convergência reunindo em conjunto o Palácio do Planalto, os governos estaduais e municipais.
O meio ambiente tem que ser incluído, da mesma forma a habitação, as condições de moradia, de transporte, de assistência à saúde. Esta colocação pode parecer um sonho e talvez até seja. Mas é o único caminho para integrar as administrações públicas à população de modo geral.
O IBGE apontou a queda do nível de desemprego este ano. Miriam Leitão cimentou em sua coluna no Globo . Um avanço, mas que por si só mão resolve o gigantesco desafio colocado no momento. É preciso muito mais. Não se trata de zerar os conflitos. Mas reduzi-los. Ao contrário do que está acontecendo e colocando em risco a estrutura social, expondo-a a abalos seguidos. Uma crise que não está sendo vista como tal, incluindo sua dimensão exata.

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