domingo, 28 de outubro de 2012

Arte de experimentar



Fernanda de Mello Gentil (ODia online)
A literatura criada no ambiente e contexto de um computador, independente ou em rede, é isso, mais aquilo e ainda aquilo outro. Diria mesmo que não é literatura, apenas na medida em que também é. Nós, leitores e autores, estamos tateando o que vêm por aí, descobrindo possibilidades de criação, produção e distribuição de textos e histórias. Estamos, no momento, diante de novas formas de ler e narrar abertas pelas tecnologias digitais.
Não estou falando de blogs nem e-books, um texto literário pode ser publicado em vários suportes, mas isso não o torna “literatura eletrônica” ou “narrativa digital”.
A ideia aqui é a de uma literatura que aproveita todos os recursos, contextos e possibilidades oferecidos pela tecnologia digital já na sua concepção, ou seja, que “nasce digital”. Geralmente são criações que misturam várias mídias, muitas são interativas, quase todas utilizam links e hipertextos (uma boa dica é o site da Eletronic Literature Organization).
O fato é que temos esse desafio nas mãos, contar uma história com texto, som, imagem, compartilhamento de arquivos, redes sociais, tablets e mais uma série de recursos. Talvez essa nova arte narrativa venha a ser uma produção coletiva, uma obra que une o escritor, o programador e o artista gráfico.
Ninguém sabe. Afinal, não é momento de certezas, o caminho está só começando. Sabemos que o aparecimento de uma nova tecnologia costuma trazer também uma nova arte, uma nova linguagem, como aconteceu com a fotografia e o cinema.
Ao mesmo tempo, uma tecnologia não cria automaticamente um experimento autoral ou estético, é possível levar um bom tempo até perceber como uma ferramenta ou técnica deve ser usada criativamente, como torná-la parte de uma nova linguagem, sem falar da complexidade de um meio como o digital.
A boa notícia é que existe um vasto campo a ser inventado, e vale lembrar que só se inventa errando, tentando, experimentando, quebrando a cabeça, criando sem medo. A brincadeira não é acertar de primeira. O desafio está lançado e aceito. A hora é essa. Oba!

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