Altamir Tojal
Teori Zavascki esteve tão enrolado e nervoso em alguns momentos da sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado que mais parecia um réu e não um jurista renomado e experiente indicado pela presidente da República para o cargo de ministro do STF.
Zavascki não convenceu
Não conseguiu deixar claro se pretende ou não participar do julgamento do mensalão e, portanto, alimentou ainda mais a suspeita de que toda a correria para a sua nomeação – deflagrada por Dilma Rousseff e turbinada por José Sarney e Renan Calheiros – tem mesmo o objetivo de melar o processo ou pelo menos aliviar a situação dos acusados ligados à cúpula do PT.
A esta altura do campeonato, a participação do novo ministro no julgamento em curso não traz qualquer benefício, seja para o desenrolar do processo em si seja para as suas repercussões no aprimoramento da justiça e no combate à impunidade. Será na certa um fator a mais de atraso e, provavelmente, de dúvidas e polêmicas que só beneficiarão os réus, contrariando, portanto, o interesse e o desejo da sociedade.
A expectativa dos brasileiros é que o STF faça justiça e que o desfecho dessa ação penal introduza o temor à lei nos poderosos que se sentem à vontade para usar dinheiro e cargos públicos para se locupletarem e reproduzirem o domínio político.
Suores e altercações não vão bem em sabatinas. Jurista tarimbado, Zavascki deve saber que é assim que a banda toca. O que vai bem é chá de camomila. Sinceridade e clareza também ajudam. Para espantar as suspeitas basta dizer: “Não vou participar do julgamento”.
(Artigo enviado por Mário Assis, publicado no Blog de Olho no Mensalão)
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