A Cultura muda de mãos. O que se espera é que a concepção seja repensada, que o conceito de cultura se amplie e reflita nas ações do Ministério. Que volte a política para a cultura. Logo dirão (já disseram) que nada mudará, pois a tão esperada mudança, foi apenas um movimento político, apenas? Isso já é um debate, que o debate e o conceito se amplie. De Ana para Marta.
Marta veio de uma experiência no Ministério da Cultura não tão triunfante, mas o contexto enche a sua indicação de esperança. Esperança não é o bastante para a Cultura neste momento, a Cultura precisa de política, ainda que demonizem a política.
Ana de Holanda decepcionou desde o seu discurso de posse. Menos por imperícia, do que por compromisso. Os compromissos eram claros. E foram ainda mais clareados a medida das passagens no Ministério. Instalou-se um debate polarizado: de um lado os os defensores dos avanços da gestão Gil/Juca e de outro os defensores da zona cinzenta.
Zona cinzenta que não define o quê, mas zona tão clara para atingir seus objetivos. Zona cinzenta que despolitiza.
Ana de Holanda é apenas um nome que representa a cultura do século vinte, de um momento específico do século vinte, a década de 70. Para garantir o direito do autor, do conteúdo, menos do artista, mas da industria. Obsoleto. Nada tira a certeza de que foi um acordo pensado. Ana apenas fez seu papel.
O corolário de mancadas e declarações estapafúrdias foram o grifo pessoal da irmã do “Vai Passar”. Ana passou. Dilma não se manifestou nunca de forma clara. As colunas da cultura se indignaram. Mesmo os defensores do estado mínimo reclamavam da imperícia no Ministério. Despolitizador.
As mulheres no protagonismo. Vão e vem. Chega Marta. Ana vai, quase aliviada.
Claro que quem reclamava apenas para apontar as “fraquezas” do Governo Lulodilmista, continua reclamando. A política de novo.
Marta, segundo os hermeneutas, recebeu o MINC num toma lá da cá, para compensar a perda da candidatura à prefeitura. Fisiologismo acusado num caso onde o partido que esta no poder dá um cargo a um parlamentar do próprio partido. O jornalismo militante é criativo, cria conceitos absurdos, surrealistas.
Marta assume o MINC com promessa de orçamento polpudo para o próximo ano. Vamos aguardar. Mas ainda falta a política.
Que Marta ouça as vozes caladas, que reacenda as conferencias temáticas e regionais, que volte à lógica pública e a inversão de sinais de prioridade, que coloque a Lei Rouanet na berlinda, e repense a relação entre cultura e propriedade que a transforma em caduca. Nada de negar propriedade, mas de perceber as propriedades que a Cultura contém. Política cultural.
E não ceda a lobbies pretensamente “simpáticos” e os já conhecidos “antipáticos”.
Cultura não é simpatia, não é antipatia. Cultura é a prova dos nove.
As mulheres no poder, Ana no passado, Marta no presente, Dilma, tomara, no futuro.
O debate esta aberto. Política na política cultural.
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