quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Economista que inventou uma nova classe média (que não existe) ganha de recompensa a presidência do Ipea.



Carlos Newton
Em matéria de prestação de serviços, Marcelo Neri é uma espécie de Dias Toffoli em assuntos econômicos. Como chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ele ganhou notoriedade com a criação do estranho e contestado conceito de “nova classe média”, para denominar a população que teria milagrosamente saído da pobreza no governo Lula.
 Neri, um bajulador recompensado
Indicado pelo ministro Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos), Neri teve o aval do ministro Guido Mantega (Fazenda) para comandar o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o mais importante órgão de doutrina econômica ligado ao governo.
Colunista da Folha, Neri atua na FGV do Rio de Janeiro e tem formação na escola liberal – fez graduação e mestrado na PUC-RJ. Como a nomeação dele, o Ipea anda para trás e sofre um retrocesso em sua orientação política. Neri é um bajulador do governo petista. Seu servilismo chegou ao ponto de considerar como integrante da classe média qualquer família que tenha renda mensal de R$ 1.064,00, o que na época de sua genial constatação, significava cerca de dois salários mínimos (hoje, R$ 1.244,00).
###
FALSA CLASSE MÉDIA
Repetindo: na visão complacente de Neri, uma família de seis pessoas que ganhe R$ 1,2 mensais seria classe média. É uma piada de mau gosto, um escárnio para essa gigantesca massa de brasileiros (cerca de 34 milhões de pessoas) que na realidade vivem numa miséria atroz, mas para Neri já conquistaram espaço na classe média, vejam até onde vai a postura servil desse tipo de “intelectual”.
Neri sucede ao ex-presidente do Ipea Marcio Pochmann, afastado para concorrer à Prefeitura de Campinas pelo PT. Ao contrário de Neri, Pochmann sempre se comportou como um economista independente, jamais fez concessões ao governo, em sua gestão o Ipea publicou diversos estudos mostrando os pontos fracos da economia brasileira.
Neri é um falso intelectual, que usa a estatística da pior maneira possível, torturando os números até que eles confessem o que ele pretende provar. É desalentador ver um alquimista como ele ganhando de presente o principal laboratório do governo, para manipulá-lo exclusivamente em benefício dos detentores do poder, ao invés de fazê-lo em defesa do real interesse público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário