terça-feira, 14 de agosto de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - PINTURA Joshua Reynolds - Retrato do Capitão Augustus Keppel (1749)



Em 1749 Reynolds fez uma longa viagem embarcado no navio comandado por seu amigo, o capitão Augustus Keppel. O primeiro porto era Minorca, uma das ilhas Baleares. Ali sofreu um tombo quando cavalgava para conhecer a ilha, o que o deixou cinco meses impossibilitado de pintar, e com uma cicatriz permanente na boca.
De Minorca ele seguiu para Roma onde ficou até 1752 estudando Arte Antiga e o Renascimento. Depois, com paradas em Florença, Bologna e Parma, ele seguiu para Veneza, onde ficou por três meses. Fez muitos esboços e estudos tentando compreender as técnicas e os segredos de Michelangelo, Raphael e dos artistas venezianos, especialmente Ticiano.
O estilo típico de Veneza, a ênfase na cor e nos efeitos da luz, teve uma influência fortíssima em sua arte, apesar dele nunca ter admitido isso, declarando sempre que o mais importante eram o desenho e a forma.
Em 1753, de volta à Inglaterra, ele se instala em Londres. A popularidade veio rapidamente. O “Retrato do Capitão Keppel”, cuja imagem mostramos hoje, foi seu primeiro sucesso. Ele pintou muitos retratos de seu amigo e de sua família, mas escolhi o primeiro que ele fez, ainda em viagem.
Em 1760 ela já era o mais procurado retratista de Londres e seus trabalhos obtinham o dobro do preço dos de Thomas Gainsborough, outro mestre inglês.
Sem dúvida nenhuma, Joshua Reynolds foi um grande pintor, um mestre do pincel e um talento artístico de primeira água, mas ele contava com outro atributo: o dom de saber vender. Entre 1750 e 1760 ele produziu o que hoje chamaríamos de uma boa campanha de marketing. Olhar os pintores em seu trabalho era um programa naquela época e Reynolds aproveitou-se disso para transformar seu trabalho num evento.
Mandou instalar em seu estúdio um espelho enorme que colocou numa posição que permitia ao modelo observar o andamento da pintura; ele nunca se sentava, pintava em pé e sempre em movimento. Homem de muitas leituras e muito educado, sabia manter com seu modelo uma conversa inteligente e agradável, o que contribuía para que o modelo suportasse as horas posando e estimulava a platéia que ia assistir o mestre pintando.

Acervo National Maritime Museum, Greenwich, Londres

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