A deserção do general Manaf Tlass, se confirmada, é a primeira verdadeira ruptura dentro do regime de Bashar al Assad.
Seu pai, Mustafá Tlass, foi ministro da Defesa por 32 anos até 2004. Era o braço direito de Hafez al Assad. O filho cresceu com os irmãos Bashar e Bassil, sendo confidente de ambos. Atualmente, aos 48 anos, se destacava como um dos mais proeminetes comandantes da Guarda Revolucionária.
Sunita moderado, liderou a violenta repressão contra os opositores nos subúrbios de Damasco. Depois chegou a um acordo com as milícias para um cessar-fogo. Outros membros do regime não gostaram, provocando o atrito entre Tlass e as forças leais a Assad, especialmente Maher.
Tlass também é a pessoa mais carismática da Síria. Ninguém discute. Boa pinta, recebia elogios até de Bashar por sua aparência, sendo descrito nas ruas de Damasco e Aleppo como o homem mais bonito do mundo.
Sua figura seria ideal para dar garantias aos setores internos na Síria e também na Rússia de que radicais sunitas da oposição, patrocinados pela Arábia Saudita e o Qatar, não assumiriam o poder. Ele é o típico integrante da elite damascena e alepina e agradaria à Rússia, por ter boas relações com os cristãos, tradicionalmente pró-Assad e protegidos por Moscou, com o meio empresarial e militar – seu irmão Firas é um dos mais bem sucedidos executivos da Síria e está nos Emirados Árabes.
Por outro lado, possui sangue nas mãos. Não é diferente de absolutamente nenhum dos outros integrantes da máquina repressora do regime de Assad. Talvez muitos opositores sejam relutantes em aceitá-lo como líder.
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