07/07/2012
às 16:03 \ Política & Cia
Ricardo Setti - Revista Veja
Reproduzo nota publicada no blog Política & Economia na Real, do jornalista José Márcio Mendonça e do economista Francisco Petros.
A nova herança maldita – capítulo I
Semanas atrás informávamos que nos bastidores oficiais de Brasília já se começava a rosnar sobre certa “herança maldita” – uma “nova”, é claro, distinta daquela que Lula atribuía ao ex-presidente FHC sempre que alguma dificuldade aparecia a sua frente em seus oito anos de Palácio do Planalto.
Agora, já não muito discretamente, esta nova herança começa a ser explicitada. O primeiro foco foi a Petrobras, com a revisão de seus planos de investimentos para os próximos cinco anos. Cortando daqui e dali, a presidente da empresa, Graça Foster, disse, sem citar seu antecessor, José Sergio Gabrielli, que as metas anteriores eram irrealistas, que projetos eram aprovados a esmo, sem estarem prontos e daí por diante.
Graça e sua comandante no Palácio do Planalto estão jogando para o alto facas para que estão caindo em suas próprias cabeças : Lula era o presidente dessa fase de irrealismo, mas Dilma foi ministra das Minas e Energia e, portanto, chefe da Petrobras durante uma parte desse período. Durante todo o mandato de Lula, foi presidente do Conselho de Administração da empresa, só sendo substituída por Guido Mantega quando saiu para se candidatar à Presidência da República. [Sem contar sua responsabilidade como principal ministra do governo, ao comanda a Casa Civil de 2005 a 2010.]
Por que só Gabrielli paga toda a responsabilidade por uma gestão de claro viés político na maior estatal brasileira ?
E por falar em política
A revisão feita nos investimentos da Petrobras gerou sérios ruídos políticos com aliados preferenciais e complicados de Dilma: a suspensão da construção das refinarias do Ceará e do Maranhão, dois compromissos político-eleitorais de Lula, acendeu a irritação dos suscetíveis e agressivos irmãos Gomes – Ciro e Cid [do PSB]- e o discreto (nas reações), porém não menos agressivo quando se trata de defender seus feudos, senador José Sarney (PMDB-AP).
Sobrou para o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, tourear as feras.
Logo ele, Lobão, que de sua pasta é sempre um dos últimos a saber das coisas.
A nova herança maldita – capítulo II
Há muitas outras línguas coçando em Brasília, além das da Petrobras vindas diretamente do Ro de Janeiro. Das mais inquietas é a área educacional. Mas que está forçada a sofrer calada para não prejudicar o candidato-delfim à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad.
Mesmo assim, possivelmente como reflexo da greve dos professores universitários, que além de reivindicarem um plano de carreira, propugnam também por melhores condições de trabalho, a presidente Dilma baixou um decreto, pouco comentado esta semana, tornando mais rígidas as regras para aberturas de novas universidades públicas federais : “A implantação de novas unidades de ensino e o provimento dos respectivos cargos e funções gratificadas dependerá da existência de instalações adequadas e de recursos financeiros necessários ao seu funcionamento”.
Um dos orgulhos da dupla Dilma-Haddad é exatamente a criação de uma série de novas escolas federais. Em tempo : essas histórias sobre a nova herança maldita terão ainda muitos capítulos.
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