Enviado por Míriam Leitão -
25.7.2012
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15h00m
25.7.2012
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COLUNA NO GLOBO
A necessidade de energia para o Brasil em dez anos será revista para baixo, porque a previsão era de um crescimento de 5% ao ano. Mesmo assim, o Brasil precisa de mais de quatro Itaipus. Em termos absolutos, a maior oferta de energia nova virá das hidrelétricas. A fonte com maior crescimento percentual será a eólica, segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. “Eólica está bombando”.
— O vento no Brasil é melhor do que nos Estados Unidos, que é melhor do que na Europa. Aqui, o vento é unidirecional e de baixa turbulência — afirma.
Tolmasquim fez uma conta: se todos os países elevarem sua geração de eólica em 2013 no mesmo percentual que em 2012, o Brasil, que hoje está em 20º lugar em capacidade instalada dessa fonte de energia, pode pular para o 10º. Vão entrar em operação os parques que foram contratados há quatro anos.
— Os primeiros leilões foram vazios, depois iniciamos um diálogo com o setor. Hoje, há oito empresas de equipamentos instaladas no Brasil. Nem todas passaram na sindicância que o BNDES fez para verificar o cumprimento da norma de comprar aqui dentro, pelo menos, 60% do equipamento, mas estão se ajustando. Uma das empresas de equipamentos, a Tecsis, de Sorocaba, está exportando para o mundo todo.
O investimento no setor acabou criando mais oportunidade, porque o preço da energia ofertada no leilão caiu a um terço nos últimos anos, de R$ 300 por MW para R$ 100. Segundo Tolmasquim, a energia solar ainda está cara, mas a tendência tem sido a queda do preço dos painéis e das células fotovoltaicas. A ideia da EPE é que no solar, o Brasil estará investindo mais fortemente no final da década, mas alguns pontos estão sendo discutidos agora.
— A Aneel autorizou o medidor bidirecional que permite ao consumidor que tiver instalado painel, eventualmente, mandar para a rede o excedente. Assim, ele teria um desconto em sua conta de luz equivalente ao que ele fornecesse. Está no começo, mas existem já dez áreas de concessão. Hoje, o painel é caro, mas se houvesse isenção de PIS/ Cofins como tem em outros setores, se houvesse a possibilidade de descontar no Imposto de Renda parte do custo do investimento e até se o BNDES financiasse da mesma forma que faz com eficiência energética, haveria interesse crescente.
Vento e sol são as chamadas novas renováveis, ou renováveis alternativas. São as que mais têm potencial de crescimento na matriz brasileira. O mapa do país feito pela EPE com as cores indicando a intensidade da potencialidade da energia solar é impressionante. As cores que representam chance alta de produção, com alto fator de capacidade, se esparramam pelo mapa do país. Na eólica, o que já foi medido também impressiona.
— Em terra, o Brasil tem 143 mil MW de potencial eólico, ou seja, dez Itaipus, e isso com torres de 50 metros. Hoje, já estão sendo instaladas torres maiores com maior capacidade. O potencial offshore não foi nem estudado, porque custa três vezes mais, apesar de produzir duas vezes mais — disse.
Não há fonte sem impacto ambiental, mas algumas têm impacto menor. No caso das eólicas, no Rio Grande do Norte, quando elas estão perto das dunas, há preocupação dos órgãos ambientais. Há linhas de transmissão que ainda não têm licença, apesar de a distância desses parques aos centros consumidores ser bem menor do que no caso das hidrelétricas da Amazônia.
Uma fonte na qual se tinha muita esperança está estagnada: a biomassa, conta Tolmasquim. As PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) também não estão aumentando. Mesmo assim, as alternativas vão pular em dez anos de 8% para 16% de toda a capacidade instalada brasileira. Em relação às polêmicas termelétricas a carvão, tudo está parado desde a COP 15.
— A conferência foi um marco. Antes de Copenhague, foram aceitas no leilão três térmicas a carvão. Uma de carvão nacional e duas da OGX de carvão importado. Depois de Copenhague, no entanto, alguns projetos conseguiram licença, mas não aceitamos mais térmicas a óleo ou a carvão. Olhando para o futuro, vemos mais as hídricas e as novas renováveis.
Mesmo sendo a fonte que mais vai crescer em termos absolutos, a hídrica vai cair como percentual da matriz. Dos 47 mil MW contratados — dos 61 mil MW necessários — até 2020, a fonte hídrica responde por 51% e vem das polêmicas hidrelétricas da Amazônia, principalmente Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Teles Pires está em construção também. As do rio Tapajós ainda são projeto. Hoje, já se derrubou a ideia de que se for hídrica é boa. Depende de inúmeros fatores como, por exemplo, o impacto na construção. Há hidrelétricas melhores e outras piores. O debate público tem aperfeiçoado alguns projetos e mitigado agressões ao meio ambiente.
Do contratado, a eólica representa 16%, biomassa 6% e PCH 1%. Entre as fontes não renováveis, o óleo está na frente com 13%, gás natural 7%, carvão 3% e urânio 3%.
O Brasil deve se esforçar para diversificar sua matriz, intensificando o investimento nas novas fontes de baixo impacto ambiental. O movimento recente mostrou que é possível aumentar a presença das alternativas. Em pouco tempo, o país encontrou a direção do vento; deveria se esforçar agora para encontrar a luz do sol.
A necessidade de energia para o Brasil em dez anos será revista para baixo, porque a previsão era de um crescimento de 5% ao ano. Mesmo assim, o Brasil precisa de mais de quatro Itaipus. Em termos absolutos, a maior oferta de energia nova virá das hidrelétricas. A fonte com maior crescimento percentual será a eólica, segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. “Eólica está bombando”.
— O vento no Brasil é melhor do que nos Estados Unidos, que é melhor do que na Europa. Aqui, o vento é unidirecional e de baixa turbulência — afirma.
Tolmasquim fez uma conta: se todos os países elevarem sua geração de eólica em 2013 no mesmo percentual que em 2012, o Brasil, que hoje está em 20º lugar em capacidade instalada dessa fonte de energia, pode pular para o 10º. Vão entrar em operação os parques que foram contratados há quatro anos.
— Os primeiros leilões foram vazios, depois iniciamos um diálogo com o setor. Hoje, há oito empresas de equipamentos instaladas no Brasil. Nem todas passaram na sindicância que o BNDES fez para verificar o cumprimento da norma de comprar aqui dentro, pelo menos, 60% do equipamento, mas estão se ajustando. Uma das empresas de equipamentos, a Tecsis, de Sorocaba, está exportando para o mundo todo.
O investimento no setor acabou criando mais oportunidade, porque o preço da energia ofertada no leilão caiu a um terço nos últimos anos, de R$ 300 por MW para R$ 100. Segundo Tolmasquim, a energia solar ainda está cara, mas a tendência tem sido a queda do preço dos painéis e das células fotovoltaicas. A ideia da EPE é que no solar, o Brasil estará investindo mais fortemente no final da década, mas alguns pontos estão sendo discutidos agora.
— A Aneel autorizou o medidor bidirecional que permite ao consumidor que tiver instalado painel, eventualmente, mandar para a rede o excedente. Assim, ele teria um desconto em sua conta de luz equivalente ao que ele fornecesse. Está no começo, mas existem já dez áreas de concessão. Hoje, o painel é caro, mas se houvesse isenção de PIS/ Cofins como tem em outros setores, se houvesse a possibilidade de descontar no Imposto de Renda parte do custo do investimento e até se o BNDES financiasse da mesma forma que faz com eficiência energética, haveria interesse crescente.
Vento e sol são as chamadas novas renováveis, ou renováveis alternativas. São as que mais têm potencial de crescimento na matriz brasileira. O mapa do país feito pela EPE com as cores indicando a intensidade da potencialidade da energia solar é impressionante. As cores que representam chance alta de produção, com alto fator de capacidade, se esparramam pelo mapa do país. Na eólica, o que já foi medido também impressiona.
— Em terra, o Brasil tem 143 mil MW de potencial eólico, ou seja, dez Itaipus, e isso com torres de 50 metros. Hoje, já estão sendo instaladas torres maiores com maior capacidade. O potencial offshore não foi nem estudado, porque custa três vezes mais, apesar de produzir duas vezes mais — disse.
Não há fonte sem impacto ambiental, mas algumas têm impacto menor. No caso das eólicas, no Rio Grande do Norte, quando elas estão perto das dunas, há preocupação dos órgãos ambientais. Há linhas de transmissão que ainda não têm licença, apesar de a distância desses parques aos centros consumidores ser bem menor do que no caso das hidrelétricas da Amazônia.
Uma fonte na qual se tinha muita esperança está estagnada: a biomassa, conta Tolmasquim. As PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) também não estão aumentando. Mesmo assim, as alternativas vão pular em dez anos de 8% para 16% de toda a capacidade instalada brasileira. Em relação às polêmicas termelétricas a carvão, tudo está parado desde a COP 15.
— A conferência foi um marco. Antes de Copenhague, foram aceitas no leilão três térmicas a carvão. Uma de carvão nacional e duas da OGX de carvão importado. Depois de Copenhague, no entanto, alguns projetos conseguiram licença, mas não aceitamos mais térmicas a óleo ou a carvão. Olhando para o futuro, vemos mais as hídricas e as novas renováveis.
Mesmo sendo a fonte que mais vai crescer em termos absolutos, a hídrica vai cair como percentual da matriz. Dos 47 mil MW contratados — dos 61 mil MW necessários — até 2020, a fonte hídrica responde por 51% e vem das polêmicas hidrelétricas da Amazônia, principalmente Belo Monte, Jirau e Santo Antônio. Teles Pires está em construção também. As do rio Tapajós ainda são projeto. Hoje, já se derrubou a ideia de que se for hídrica é boa. Depende de inúmeros fatores como, por exemplo, o impacto na construção. Há hidrelétricas melhores e outras piores. O debate público tem aperfeiçoado alguns projetos e mitigado agressões ao meio ambiente.
Do contratado, a eólica representa 16%, biomassa 6% e PCH 1%. Entre as fontes não renováveis, o óleo está na frente com 13%, gás natural 7%, carvão 3% e urânio 3%.
O Brasil deve se esforçar para diversificar sua matriz, intensificando o investimento nas novas fontes de baixo impacto ambiental. O movimento recente mostrou que é possível aumentar a presença das alternativas. Em pouco tempo, o país encontrou a direção do vento; deveria se esforçar agora para encontrar a luz do sol.
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