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Estante Paralucia, do arquiteto e designer Beto Salvi, é concebida na forma desta estrutura genuinamente brasileira, moderna e naturalmente sustentável
Você sabe o que é um cobogó? Feito de cimento, cerâmica esmaltada, vidro, porcelana, madeira ou outro tipo de material, este objeto se parece com um tijolo vazado e está em alta na arquitetura e na decoração, além de possuir uma história e tanto.
Pois o cobogó serviu de estímulo criativo ao arquiteto e designer Beto Salvi – que, juntamente com o também arquiteto e designer Tuti Giorgi, desenvolve projetos de diferentes escalas na SalviGiorgi ArquiteturaDesign, de Porto Alegre. “Lembrei dos antigos cobogós de louça que existiam em Porto Alegre, na época da minha infância”, revela. Desta inspiração surgiu a estante Paralucia: um móvel concebido sob forma modulada, por meio da sobreposição de duas grelhas, uma ortogonal cartesiana e a outra orgânica, “metade razão, metade emoção”, explica o designer. O móvel está à venda na loja Habitart, que edita e distribui mobiliário assinado de alto padrão para todo o Brasil.
Cobogós inspiram as formas da estante modular Paralucia, de Beto Salvi
Lançada em 2010, a estante Paralucia é uma homenagem à artista plástica gaúcha Lucia Koch, que tem trabalhos criados com base nos cobogós e também nos muxarabis – estruturas vazadas de origem moura, confeccionadas em madeira: eram utilizadas em construções para resguardar o ambiente da luz, calor e devassamento a partir da rua.
Módulo em cobogó da estante Paralucia
As treliças muxarabis chegaram ao Brasil por intermédio da arquitetura portuguesa, que os incorporou a partir do contato com os mouros. Ainda hoje é empregada na arquitetura, como no Instituto do Mundo Árabe, em Paris. Assim como as treliças muxarabis, o cobogó tem duas características importantes: serve para manter um ambiente ventilado e para aproveitar a luz natural, filtrando-a através dos seus orifícios. A estrutura, assim, é um quebra-sol que divide ambientes de forma graciosa.
Treliças muxarabis do Instituto do Mundo Árabe, em Paris
Contudo, embora tenha uma herança muxarabi, o cobogó é essencialmente brasileiro. Foi criado em 1929 por três engenheiros: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis. Daí o nome ‘cobogó’, que é justamente a junção dos sobrenomes dos criadores. A estrutura virou frebre no Brasil nos nas décadas de 50 e 60. Hoje, há variações atraentes e nos mais variados materiais, cores e formatos. Graças a sua forma, é um elemento arquitetônico sustentável por possibilitar naturalmente a iluminação de interiores e refrescar o ambiente.
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