Devolvam a taça
Fonte: Revista Isto É
POLÊMICA
Argentinos comemoram o primeiro título mundial de futebol: título constestado
A fase do futebol argentino não é das melhores. Em 2014, na Copa a ser disputada no Brasil, a Albiceleste, se estiver classificada, irá desembarcar por aqui carregando nas costas o peso de quase três décadas sem levantar a taça – a última conquista foi em 1986. Com duas conquistas no currículo, o nosso maior rival vê, agora, uma delas, a Copa de 1978, ser mais uma vez questionada. Pela primeira vez, porém, uma autoridade política, no caso o ex-senador peruano Genaro Ledesma, vem a público para afirmar que a goleada de 6 x 0 dos argentinos sobre os peruanos que carimbou a passagem dos platinos para a final do torneio ocorreu graças a um acordo político acertado entre as ditaduras dos dois países.
Na ocasião, a Seleção Brasileira disputaria a final se a Argentina não vencesse os peruanos por mais de três gols. Ledesma revelou que, por conta da Operação Condor, uma rede de troca de informações sobre movimentos de esquerda de países do Cone Sul, ele e outros 12 companheiros foram enviados à Argentina como prisioneiros de guerra, em maio de 1978. Disse isso a um juiz argentino, que investiga sequestros e assassinatos patrocinados pelo ex-ditador peruano Francisco Moralez Bermudez. “(Jorge) Videla (ex-ditador argentino) nos aceitou como prisioneiros na condição de que o Peru permitisse o triunfo da Argentina na Copa”, explicou o ex-senador ao jornal argentino “El Tiempo”.
Meio-campista da Seleção de 1978, o hoje comentarista esportivo João Batista da Silva, o Batista, se diz indignado. “O título da Copa de 78 deveria ser caçado e ficar vago. Uma conquista dessa maneira não deveria ser válida.” Craque argentino da conquista de 1978, Mario Kempes rechaça o favorecimento dos peruanos. “Dizer que tivemos ajuda de alguém é uma bobagem. Eu não fazia política, fazia gols. E só na final, contra a Holanda, fiz dois”, afirmou.
Na ocasião, a Seleção Brasileira disputaria a final se a Argentina não vencesse os peruanos por mais de três gols. Ledesma revelou que, por conta da Operação Condor, uma rede de troca de informações sobre movimentos de esquerda de países do Cone Sul, ele e outros 12 companheiros foram enviados à Argentina como prisioneiros de guerra, em maio de 1978. Disse isso a um juiz argentino, que investiga sequestros e assassinatos patrocinados pelo ex-ditador peruano Francisco Moralez Bermudez. “(Jorge) Videla (ex-ditador argentino) nos aceitou como prisioneiros na condição de que o Peru permitisse o triunfo da Argentina na Copa”, explicou o ex-senador ao jornal argentino “El Tiempo”.
Meio-campista da Seleção de 1978, o hoje comentarista esportivo João Batista da Silva, o Batista, se diz indignado. “O título da Copa de 78 deveria ser caçado e ficar vago. Uma conquista dessa maneira não deveria ser válida.” Craque argentino da conquista de 1978, Mario Kempes rechaça o favorecimento dos peruanos. “Dizer que tivemos ajuda de alguém é uma bobagem. Eu não fazia política, fazia gols. E só na final, contra a Holanda, fiz dois”, afirmou.
DENÚNCIA
O ex-senador Genaro Ledesma diz que título da Argentina foi uma manobra da Operação Condor
Os militares brasileiros também usaram a pressão para manipular a Seleção de 1978. Zico, que jogou as duas primeiras partidas do Brasil naquele Mundial, foi sacado do time titular por ordem de um militar, no caso o almirante Heleno Nunes, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (hoje, CBF), ao capitão do Exército e técnico da Seleção Cláudio Coutinho. “Fui tirado do time por influência política. Na conversa que tive com o Coutinho, ele me disse que já tinha decidido me sacar, só que o Heleno se antecipou e revelou, publicamente, antes”, afirma.
A CBF afirma que só a Fifa tem o poder de questionar e mudar o resultado do seu próprio evento. “Infelizmente, mais uma vez o futebol foi usado como moeda de troca”, diz o ex-goleiro da Seleção Emerson Leão, titular naquele Mundial. Para o jornalista Valmir Storti, coautor de “Todos do Jogos do Brasil”, será difícil mudar oficialmente a história por não haver prova documental. “Todas as revelações são importantes para entendermos melhor o que se passou, mas, num momento em que a América Latina está se democratizando, é melhor buscarmos a consolidação do desenvolvimento do que tensões com o passado”, diz. Daquele passado, difícil é saber se o Mundial de 1978 foi legítimo.
A CBF afirma que só a Fifa tem o poder de questionar e mudar o resultado do seu próprio evento. “Infelizmente, mais uma vez o futebol foi usado como moeda de troca”, diz o ex-goleiro da Seleção Emerson Leão, titular naquele Mundial. Para o jornalista Valmir Storti, coautor de “Todos do Jogos do Brasil”, será difícil mudar oficialmente a história por não haver prova documental. “Todas as revelações são importantes para entendermos melhor o que se passou, mas, num momento em que a América Latina está se democratizando, é melhor buscarmos a consolidação do desenvolvimento do que tensões com o passado”, diz. Daquele passado, difícil é saber se o Mundial de 1978 foi legítimo.
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