terça-feira, 7 de abril de 2015

DESMANCHANDO O MILAGRE QUE OS PORTUGUESES FIZERAM - CARLOS CHAGAS


Não dá mais para segurar. Nem para compor, amaciar, tergiversar. Ou se adotam mudanças  radicais e profundas nas instituições e nas pessoas ou o país se desagrega. Porque nunca se roubou tanto como nessa tríplice aliança entre governo, empreiteiras e  políticos.
Governo, por  nomear bandidos para a direção de suas empresas, ávidos de permitir o assalto ao  patrimônio público, do qual retiram fortunas em  benefício próprio.
Empreiteiras porque, mancomunadas com altos  dirigentes das estruturas governamentais, superfaturam obras e serviços, obtendo contratos e aditivos falsos para enriquecer às custas dos cofres da nação.
Políticos porque responsáveis pelas nomeações, junto ao   governo que dominam,  exigindo  das empreiteiras altos  percentuais dos negócios escusos.
Os últimos meses estão mostrando que não apenas na Petrobras corria lama em vez de petróleo. Na construção de hidrelétricas e termoelétricas, na implantação de ferrovias e rodovias,  portos e demais obras, é a mesma coisa.  No fornecimento de produtos e na oferta de serviços, também. Até no organismo encarregado de zelar pela cobrança de impostos.  Dificilmente se encontra um importante setor da administração pública que não esteja infestado  por dirigentes  corruptos,   empresas privadas e  políticos.
Urgente se torna derrubar o tripé. Primeiro através de um governo capaz de identificar,  substituir  e punir quantos bandidos  estiverem  incrustados em suas estruturas.   Depois, por fiscalização tão rígida capaz de levar as empresas a perceber como  mais  lucrativa  a honestidade do que a roubalheira. Por último, depois de ampla reforma política, depurar os partidos e afastar a corrupção das práticas eleitorais. 
Como se chegará a tanto?  Trocar o governo poderá constituir-se em solução  extrema,  caso ele não se recicle em  tempo recorde por meio da defenestração de ministros ineptos,  representantes de partidos, e sua substituição por técnicos e similares de comprovada capacidade, em condições de recuperar as empresas públicas danificadas.  Importante também será, por meio do Congresso,  delegar ao Ministério Público, o Judiciário  e  a   Polícia  Federal mecanismos de ação  cirúrgica para a investigação, identificação e condenação  de quantos  estiverem implicados nesse festival de corrupção.
Fora daí será a   desagregação nacional.  Nossa transformação num conjunto cada vez mais dissociado de um futuro comum e da vontade de buscá-lo.  Estará desfeito o milagre produzido pelos portugueses, que nos legaram um  país uno e indivisível em meio ao fracionamento da América Espanhola.

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