quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Dilma toma de Temer a coordenação política do governo - RICARDO NOBLAT


Michel Temer e Dilma Rousseff (Foto: Divulgação)Michel Temer e Dilma Rousseff (Foto: Divulgação)
Ricardo Noblat
Uma vez que deixa de existir, é muito difícil restabelecer a confiança.
A presidente Dilma Rousseff sabe disso. O vice-presidente Michel Temer sabe disso.
Dilma faz de conta que engoliu a boa intenção que estaria na origem da famosa frase dita na semana passada por Temer:
- É preciso que alguém reunifique o país.
Envenenada pelo PT ou por seus próprios demônios, ela acha que a frase foi, no mínimo, uma espécie de ato falho.
Por bem ou por mal, Temer teria se oferecido para ser esse “alguém” capaz de reunificar o país.
Em dúvida ou movida por tal certeza, Dilma adiantou-se ao seu vice. Desde então tem procurado o protagonismo perdido.
Temer aceitou assumir a coordenação política do governo porque Dilma não tinha ninguém melhor do que ele para o lugar.
Dilma está subtraindo de Temer a missão que lhe dera.
De uma semana para cá, pelo menos, Temer tem funcionado como o subcoordenador político do governo.
O coordenador é Dilma. Ela voltou ao comando das ações políticas do governo.
Reúne-se com senadores atrás de apoio. Com ministros do Supremo Tribunal Federal atrás de apoio. Com presidentes e líderes de partidos atrás de apoio.
Negocia a ocupação de cargos e outras miçangas do poder.
O PDT de Carlos Luppi havia anunciado seu rompimento com o governo. Se fortalecido por Dilma, Temer teria condições de resolver essa parada.
Mas, não. Dilma fez questão de conversar com Luppi. E de apelar para seu bom coração. Desde que seja bem aquinhoado, Luppi não faltará à presidente.
A fase de Temer como coordenador político do governo está próxima do fim. E não só porque Dilma voltou a ter apetite pelo poder.
Também porque Temer dá sinais de cansaço.
Ele dará adeus à coordenação política quando o Congresso terminar de votar o ajuste fiscal.

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