Não convém subestimar o alívio do risco de ruína política iminente de Dilma Rousseff. Nem fazer estimativas desmedidas de melhoras, por enquanto espumas.
O governo ganha tempo, semanas que sejam, o que não é desprezível nem inócuo em situações quase desesperadas. Ao menos, é água fria na fervura.
O estouro da boiada financeira, dólar logo a R$ 4 e juros no rabo do foguete, poderia degradar imediatamente uma situação que, embora horrível, não piora nem tem como piorar em dias, em termos substantivos (no que diz respeito a recessão, penúria do governo, descrédito).
Ontem, Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, recorreu a sua "bancada" no Tribunal de Contas da União a fim de adiar por 15 dias a decisão do processo que pode levar à decapitação de Dilma 2. De resto, o senador vem amaciando a turma, com o apoio de Michel Temer (PMDB), vice-presidente. A unanimidade na condenação das contas de Dilma 1 é bem mais incerta.
Embora ainda não se saiba bem por que o governo mereceu um amor de Renan, o senador virou a biruta. Fez a tal "Agenda Brasil", enumeração caótica de medidas que tem um dedo menor de Joaquim Levy e a mão grande de Romero Jucá (senador, PMDB, vez e outra líder de governos desde os tempos tucanos). Renan ainda acertou ontem mais ponteiros com o ministro da Fazenda.
A "descompressão" da crise terminal contou ainda com a "moderação das elites em relação ao golpe", como diz gente do governo. Beneficiou-se da divisão do PSDB (cunhistas de Aécio contra temeristas). Teve a esmola da agência de avaliação de crédito que não rotulou de imediato o governo como caloteiro em potencial. Temer, enfim, tenta pacificar até Eduardo Cunha (PMDB). Lula pede apoios pelo amor Deus.
Isto posto, quase tudo pode virar espuma, como Cunha disse ontem da "agenda estruturante" de Renan-Jucá-Levy, o "novo programa" de Dilma 2, que humilhação.
Basta lembrar como desandou o breve alívio de abril: 1) percebeu-se que outra vez o governo não conseguiria pagar nem suas contas primárias (exclui juros); 2) Cunha a estrebuchar soltava fogo e veneno pelas ventas; 3) O petrolão voltou a explodir.
A Lava Jato não tem fim previsível. Na frase eterna atribuída a Teori Zavascki, ministro do Supremo, a cada pena que se puxa vem uma galinha. Gente graúda combinava ainda ontem delações mortíferas, para nem mencionar investigações e denúncias de políticos que estão quase prontas.
Não se sabe o que virá "das ruas", de domingo e depois. Embora a direita não tenha a tecnologia e o ânimo militante de manifestação da esquerda, sabe-se lá o qual será o humor do povo, em forma de protesto ou de fúria nas pesquisas.
Motivos econômicos haveria, pois a inflação vai continuar na casa de quase 10% até ao menos o fim do ano, comendo renda. O desemprego deve subir ao menos até meados de 2016. O crédito continuará estagnado. Assim, a capacidade de consumo vai continuar a esfarelar, como se viu pelos dados de ontem do IBGE e como não se via desde 2003.
Caso houvesse expectativa de mudança, o eleitorado poderia mudar de ideia quanto ao governo, como tantas vezes já se viu. Por ora, porém, falta mais esperança que dinheiro.
O governo ganha tempo, semanas que sejam, o que não é desprezível nem inócuo em situações quase desesperadas. Ao menos, é água fria na fervura.
O estouro da boiada financeira, dólar logo a R$ 4 e juros no rabo do foguete, poderia degradar imediatamente uma situação que, embora horrível, não piora nem tem como piorar em dias, em termos substantivos (no que diz respeito a recessão, penúria do governo, descrédito).
Ontem, Renan Calheiros (PMDB), presidente do Senado, recorreu a sua "bancada" no Tribunal de Contas da União a fim de adiar por 15 dias a decisão do processo que pode levar à decapitação de Dilma 2. De resto, o senador vem amaciando a turma, com o apoio de Michel Temer (PMDB), vice-presidente. A unanimidade na condenação das contas de Dilma 1 é bem mais incerta.
Embora ainda não se saiba bem por que o governo mereceu um amor de Renan, o senador virou a biruta. Fez a tal "Agenda Brasil", enumeração caótica de medidas que tem um dedo menor de Joaquim Levy e a mão grande de Romero Jucá (senador, PMDB, vez e outra líder de governos desde os tempos tucanos). Renan ainda acertou ontem mais ponteiros com o ministro da Fazenda.
A "descompressão" da crise terminal contou ainda com a "moderação das elites em relação ao golpe", como diz gente do governo. Beneficiou-se da divisão do PSDB (cunhistas de Aécio contra temeristas). Teve a esmola da agência de avaliação de crédito que não rotulou de imediato o governo como caloteiro em potencial. Temer, enfim, tenta pacificar até Eduardo Cunha (PMDB). Lula pede apoios pelo amor Deus.
Isto posto, quase tudo pode virar espuma, como Cunha disse ontem da "agenda estruturante" de Renan-Jucá-Levy, o "novo programa" de Dilma 2, que humilhação.
Basta lembrar como desandou o breve alívio de abril: 1) percebeu-se que outra vez o governo não conseguiria pagar nem suas contas primárias (exclui juros); 2) Cunha a estrebuchar soltava fogo e veneno pelas ventas; 3) O petrolão voltou a explodir.
A Lava Jato não tem fim previsível. Na frase eterna atribuída a Teori Zavascki, ministro do Supremo, a cada pena que se puxa vem uma galinha. Gente graúda combinava ainda ontem delações mortíferas, para nem mencionar investigações e denúncias de políticos que estão quase prontas.
Não se sabe o que virá "das ruas", de domingo e depois. Embora a direita não tenha a tecnologia e o ânimo militante de manifestação da esquerda, sabe-se lá o qual será o humor do povo, em forma de protesto ou de fúria nas pesquisas.
Motivos econômicos haveria, pois a inflação vai continuar na casa de quase 10% até ao menos o fim do ano, comendo renda. O desemprego deve subir ao menos até meados de 2016. O crédito continuará estagnado. Assim, a capacidade de consumo vai continuar a esfarelar, como se viu pelos dados de ontem do IBGE e como não se via desde 2003.
Caso houvesse expectativa de mudança, o eleitorado poderia mudar de ideia quanto ao governo, como tantas vezes já se viu. Por ora, porém, falta mais esperança que dinheiro.
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