Posted: 15 Jul 2015 04:33 AM PDT
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
O estouro ontem da Operação Politeia, pela Polícia Federal, explica o real motivo do nada casual encontro lusitano, na cidade do Porto, entre a Presidenta Dilma Rousseff, seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. Na área de inteligência, vazou a informação de que Dilma quis saber de Lewandowski, antecipadamente, se Antônio Palocci Filho, José Dirceu de Oliveira e Silva e Luiz Inácio Lula da Silva seriam atingidos por mais uma ação policial da Lava Jato que tinha como alvo principal um inimigo não-declarado do governo: o presidente do Senado, Renan Calheiros - dentre outros a ele ligados como o também senador Fernando Collor de Mello, Ciro Nogueira e Fernando Bezerra.
Toda a operação já era de pleno conhecimento, antecipado, do Supremo Tribunal Federal. Caberia ao ministro Teori Zavaski, relator dos casos da Lava Jato no STF, decretar eventuais prisões ou autorizar ações de busca e apreensão de documentos em empresas e residências de políticos com direito a foro privilegiado que estejam sob investigação da Força Tarefa do MPF. Por isso, Dilma quis saber do presidente Lewandowski, se Palocci, Dirceu e até Lula cairiam na rede dos investigadores. Dilma já sabia, internamente, que seu inimigo Renan e aliados próximos a ele seriam atingidos.
A principal preocupação de Dilma, ex-presidente do Conselho de Administração da Petrobras, é que o pior aconteça, principalmente, com Palocci (que foi conselheiro da Petrobras e tinha um apadrinhado no conselho fiscal da estatal), na época em que ocorreu a roubalheira que a Lava Jato investiga nas áreas de Abastecimento e Serviços da estatal de economia mista). Dilma também teme o quase certo retorno à prisão de José Dirceu, porque o condenado no Mensalão já emitiu sinais de que pode aderir a uma "colaboração premiada" que pode arrasar com a cúpula da politicagem tupiniquim.
Dirceu também teve grande influência em negócios da BR Distribuidora - subsidiária que teve o capital fechado por decisão do time de Lula, conforme comprova Ata 1232 da reunião do Conselho de Administração da Petrobras, de 2 de julho de 2003. Dilma presidia o Conselhão que aprovou tal decisão, composto, na época, por ninguém menos que: Antonio Palocci Filho, Claudio Luiz da Silva Haddad, Fábio Colleti Barbosa, Gerald Dinu Reiss, Gleuber Vieira, Jaques Wagner, Jorge Gerdau Johannpeter e José Eduardo Dutra.
Outra pauta da conversa nada secreta de Dilma com Lewandowski foi a situação de Lula. Para isso, nem precisava Dilma cometer a besteira do dispensável, comprometedor e nada republicano encontro que deveria ter sido secreto, mas vazou. Afinal, Lewandowski é amigo pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva (que apadrinhou, para o STF, o hoje ilustre vizinho dele no luxuoso condomínio Swiss Park, de São Bernardo do Campo). Por lealdade, acredita-se que Lewandowski alertaria Lula sobre qualquer bronca que possa estourar...
O fato de Lula entrar ou não nas investigações da Lava Jato demonstra um paradoxo da republiqueta tupiniquim. O cidadão Luiz Inácio da Silva não tem direito, formalmente, a foro privilegiado. Nenhuma lei prevê tal "proteção" ou"vantagem" a favor dele. No entanto, por ser ex-Presidente da República, corre uma interpretação pizzaiola, na cúpula do Judiciário, pregando que ele merece "tratamento diferenciado" por ter sido chefe da Nação por dois mandatos consecutivos e, além disso, ser portador de um valioso documento oficial: o passaporte diplomático, que lhe confere imunidades especiais, em caso de eventuais problemas político-judiciais. A família de Lula (e ele certamente também) tem cidadania italiana...
O fato importante, a partir de ontem, é que a Lava Jato apertou o cerco sobre a Politeia. Curiosamente, circulou a informação inicial de que operação fora batizada de Politeia por fazer referência ao livro “A República” do filósofo grego Platão, que descreve uma cidade perfeita, de virtudes, onde a ética prevalece sobre a corrupção. Na verdade, o termo Politeia foi mais bem definido por seu discípulo, o também filósofo grego Aristóteles, para designar "aquilo concernente ao Estado". A tal Politeia era entendida como uma forma de governo temperada pela aristocracia e pela democracia (a velha segurança do Direito).
Assim, a Politeia teria o importante significado de "Cidadania" - coisa que ainda estamos longe de ter, plenamente, em nossa republiqueta de Bruzundanga...
Recadinho
Politicamente falando, a Politeia foi interpretada, nas entrelinhas, como um movimento do Procurador-Geral Rodrigo Janot, que deseja ser reconduzido ao cargo pela Presidenta Dilma, em ação que muito interessa ao governo contra seus opositores no Senado.
A leitura de Renan & Cia foi mais ou menos esta: "Se vocês insistirem nas manobras para derrubar a Dilma, nós acabamos com vocês antes, aproveitando o rigor seletivo na Lava Jato".
Pelo que se constata, o fogo amigo nunca esteve tão infernal em Brasília - o que favorece, claramente, a "oposição" contra Dilma Rousseff, cada dia mais impopular, desgastada, desmoralizada e sem condições de governabilidade.
Reação dos atingidos
Renan Calheiros ficou tão pt da vida com a Politeia que fez questão de ler uma nota oficial da Presidência do Senado:
"Na manhã desta terça-feira, a PF deflagrou a Operação Politeia, que cumpriu 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra políticos com foro privilegiado alvos de seis inquéritos instaurados na Corte a partir da Lava-Jato. — Todos são obrigados a prestar esclarecimentos à Justiça, notadamente os homens públicos, já que nenhum cidadão está acima da lei. Entretanto, causa perplexidade alguns métodos que beiram à intimidação. Busca e apreensão nas dependências do Senado deverá ser acompanhada da Polícia Legislativa. Disso não abrimos mão. Buscas a apreensões sem a exibição da ordem judicial e sem os limites das autoridades que a estão cumprindo não são busca e apreensão, é invasão. É uma violência contra as garantias constitucionais em detrimento do Estado Democrático de Direito. É imperioso assegurar o respeito ao processo legal, ao contraditório para que as defesas sejam exercidas em sua plenitude, sem nenhum tipo de prejuízo, nenhum tipo de restrição. As instituições, entre si independentes, precisam estar atentas e zelosas ao cumprimento e respeito aos limites estabelecidos na Constituição para que não percamos garantias que foram duramente reconquistadas".
Carrões brilharam
Midiaticamente, um fato simbólico da operação Politeia chamou a atenção de todo mundo:
A Ferrari, a a Lamborguini e o Porsche apreendidos na famosa "Casa da Dinda" de Fernando Collor de Mello, que soltou a bronca no Facebook:
"A medida invasiva e arbitrária é flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos. Ao contrário disso, por duas vezes o senador se colocou à disposição para ser ouvido pela Polícia Federal, sendo que nas duas vezes seu depoimento foi desmarcado na véspera. Medidas dessa ordem buscam apenas constranger o destinatário, alimentar o clima de terror e perseguição e, com isso, intimidar futuras testemunhas".
Muita grana
Também chamou atenção a apreensão de R$ 3,67 milhões, em espécie, no escritório, em São Paulo, de Carlos Alberto de Oliveira Santiago, empresário do setor de combustíveis.
Também mereceram destaque os mandados de busca e apreensão que tiveram como objeto exclusivo uma varredura nas salas dos funcionários José Zonis e Luiz Cláudio Sanches, na sede da BR Distribuidora, e instalações de um consórcio na Refinaria Abreu e Lima.
A caixa preta da BR Distribuidora, já aberta pelas delações premiadas de Paulo Roberto Costa & Cia, é que pode revelar as verdadeiras engrenagens do maior escândalo nunca antes visto na História do Brasil.
A caixa preta da BR Distribuidora, já aberta pelas delações premiadas de Paulo Roberto Costa & Cia, é que pode revelar as verdadeiras engrenagens do maior escândalo nunca antes visto na História do Brasil.
"Opositor" da Dilma?
O Jornal do Brasil, on line, reproduziu um argumento do Senador tucano Aloysio Nunes, que vice na chapa de Aécio Neves em 2014, defendendo cautela sobre o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Aloysio Nunes adverte que não há base para o impedimento dela e afirma ver pouco em comum entre a Presidenta e Fernando Collor, afastado em 1992:
“Collor era um político sozinho, sem partido e teve um comportamento pessoal chocante, como presidente. Era um personagem burlesco no poder. Dilma tem respeitabilidade pessoal, tem um partido e tem o apoio de movimentos sociais"
Para pensar fora da cama
Do filósofo e jornalista Olavo de Carvalho, no face, dois parágrafos de profunda reflexão para a Elite Moral do Brasil:
"Por que nem mesmo o Roberto Campos, o José Guilherme Merquior e o Paulo Francis, dizendo tanta coisa certa e com tanto brilho, conseguiram quebrar a hegemonia esquerdista, limitando-se a irritá-la? Resposta (1) Não acertaram o tom, isto é, não foram suficientemente desrespeitosos. (2) Atiravam em alvos de ocasião, sem um plano geral de ataque. (3) Falavam de erros menores, sem ir ao fundo da MALDADE esquerdista. Cumpriram sua vocação, que nunca foi a minha".
"Durante trinta anos de vigência da hegemonia intelectual da esquerda, todos os direitistas, sem exceção, ficaram encolhidos de medo, inermes e atônitos, incapazes da menor reação efetiva, no máximo resmungando um pouco em circuito fechado. Aí veio um sujeito e, sozinho, deu cabo dessa hegemonia. Então os ratos começaram a sair das suas tocas e, num surto de coragem tardia, puseram-se a roer o cadáver da falecida com ares de quem enfrentasse um inimigo vivo, e a rosnar impropérios contra o matador da desgraçada, dizendo que ele não tinha feito nada de mais, que era apenas um astrólogo embusteiro, um gnóstico alucinado, talvez até um comunista enrustido. Essa é a biografia mental da direita brasileira nas últimas décadas. Não espanta que essa gente, mesmo secundada por noventa e dois por cento da população, não consiga derrubar um governo caquético e moribundo".
Chega de impunidade
Servem para profunda reflexão social sobre o livre direito de manifestação do magistrado as palavras, nos autos, escritas pela juíza Maria Izabel Pena Pieranti, da 16a Vara Criminal do Rio de Janeiro, ao decretar a prisão de Edvardo Camelo da Costa, flagrado pelas câmeras de segurança e denunciado pelo próprio irmão, Edivaldo Camelo da Costa, um Coronel na reserva da PM, como o homem que cometeu um assassinato dentro da estação Uruguaiana do metrô, sexta-feira passada:
"Muitas vezes, acabamos deixando transparecer a nossa opinião. Por mais que eu me policie, isso acontece. Eu acho que a sociedade está muito combalida com essa violência. E acredito que, de alguma forma, nós, juízes, precisamos provocar uma ação dos agentes públicos a esse respeito, enquanto tivermos leis que servem quase como uma proteção para os criminosos".
Antes, na mesma ordem de prisão, a juíza Maria Izabel tinha escrito:
Arbítrio conta a liberdade de imprensa
Há uma semana, o jornalista brasileiro e corinthiano Paulo Cezar de Andrade Prado, criador e administrador do Blog do Paulinho, está preso, por crime de difamação, numa cela da 31ª DP - Vila Carrão, zona leste de São Paulo.
O amigo pessoal e advogado de Paulinho, o também corinthiano Romeu Tuma Júnior, se mostra revoltado com tamanha arbitrariedade:
"É um absurdo, nos dias de hoje, termos um jornalista preso no Brasil pelo crime de opinião. Como amigo, eu tinha que me solidarizar a ele e constatar este absurdo. ter no Brasil um jornalista preso por crime de opinião, gera uma insegurança muito grande. Ele é um profissional por formação e de carreira, estabelecido, que tem um blog, onde aponta fatos quase sempre com farta documentação. Quando não tem, que responda por isso, e se aplique a Lei corretamente, mas prender alguém em regime fechado, por crime de opinião? Imagine então se o cidadão comum emitir uma opinião desfavorável? É revoltante, é espantoso. É o jornalista censurado e preso pelo que noticia, autores pelos livros que escrevem, e agora, a última, artistas pelo que dizem ou cantam nos palcos! E a gente não vê nenhuma mobilização da mídia, ou seja, o Estado de exceção chegou!"
Jogo sujo
No período anterior às últimas eleições para a Presidência do Corinthians, Paulinho recebeu uma ligação da chefe de gabinete de Dilma Rousseff (gravada e enviada para a Procuradoria Geral da República), avisando que estava em curso plano de ex-dirigente do Corinthians, para sequestrar o filho do jornalista e assim pressioná-lo a não entregar provas contra ele para a Polícia Federal.
Paulinho já teve seu apartamento invadido por supostos policiais civis, na tentativa de prendê-lo com falso mandado.
O jornalista teve ainda sua vida investigada por um detetive particular, gerando uma investigação da Corregedoria da Polícia Civil, por suspeitas de envolvimento de policiais.
O caso foi arquivado pela Corregedoria, mesmo após a prisão do detetive, que confessou estar a serviço de um ex-presidente do Corinthians.
Bombas do Paulinho
Figura polêmica no meio “futebolístico”, Paulinho foi responsável pelo famoso furo do caso, que se transformou em escândalo, quando denunciou que o Corinthians decidiu dar calote de 3 milhões de Euros na transação de Nilmar com o Lion, da França.
Paulinho também participou da “investigação” do Caso Salamandra, que descreveu a rota e "modus operandi" da lavagem de dinheiro ocorrida no Corinthians pela Máfia Russa, através da compra de Carlitos Tevez, usado a empresa MSI.
O caso Paulinho dá um trabalhão ao escritório Danubia Azevedo e Cláudia Mantovani, do Romeu Tuma Sociedade de Advogados, que insiste, na Justiça, com o pedido de habeas corpus para soltar Paulinho.
O passado não existe...
Troca de óleo...
Lava Jato mostra como se faz...
© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 15 de Julho de 2015.
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