segunda-feira, 18 de maio de 2015

Beto Richa, um governador acuado - Ricardo Noblat


Beto Richa (PSDB), governador do Paraná, recebeu uma notícia boa e outra ruim na última semana.

A boa: o Tribunal de Contas rejeitou pedido do Ministério Público para suspender a lei que alterou o regime previdenciário dos servidores do Estado.

Bancada por Richa, a aprovação da lei resultou na violência policial contra professores que deixou mais de 200 feridos. Um massacre como Curitiba jamais viu.

A notícia ruim – e põe ruim nisso: o auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, 49 anos, revelou em depoimento ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), de Londrina, que a campanha de reeleição de Richa, no ano passado, recebeu R$ 2 milhões arrecadados com o esquema de corrupção na Receita Estadual investigado pela “Operação Publicano”.

Somente em Londrina, o esquema que envolveu 62 pessoas funcionaria há 30 anos e, nos últimos 10, teria apurado R$ 60 milhões com o pagamento de propinas em troca do perdão de impostos.

Tudo muito parecido com o que aconteceu no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, do Ministério da Fazenda. Suspeita-se do perdão, ali, de impostos que somam R$ 19 bilhões.

Dono de uma fortuna estimada em R$ 40 milhões, Luiz Antonio está preso desde janeiro quando foi flagrado com uma moça de 15 anos em um motel.

Negociou com a Justiça a delação premiada para ter sua pena reduzida em caso de condenação. Ele e promotores já conversaram 30 horas.

Luiz Antonio conta o que sabe sobre dois esquemas: o da corrupção na Receita e o da prostituição de menores.

No que toca a Richa, Luiz Antonio disse que a ordem para levantar dinheiro destinado à campanha dele partiu de Márcio de Albuquerque Lima, inspetor-geral de fiscalização da Receita estadual.

Parceiro do governador em corridas de automobilismo, Márcio falava em nome de Luiz Abi Antoun, primo distante de Richa. Os R$ 2 milhões foram achacados de três empresas.

Luiz Abi é investigado por suposta fraude em licitação ganha pela oficina Providence Auto Center, que consertava a preços exorbitantes os carros do governo do Estado na região de Londrina.

Preso em fevereiro sob a acusação de explorar sexualmente adolescentes, Marcelo Caramori, fotógrafo do governo, afirmou que Luiz Abi era o “o grande caixa financeiro” das campanhas de Richa.

Enquanto Luiz Abi tinha o poder de indicar ocupantes de cargos comissionados “em pontos estratégicos do Estado”, como “chefes de fiscalização e das polícias”, Márcio de Albuquerque, segundo Caramori, “exerceria importante tarefa” no esquema de arrecadação, o que teria justificado sua nomeação em junho do ano passado para o cargo que ocupa hoje.

Naturalmente, Richa nega tudo. “Pegaram um criminoso, réu confesso, preso por abuso de menores para me acusar sem nenhuma prova. Coisa de bandido”, desabafou em sua página no Facebook.

O PSDB do Paraná culpa o PT pela tentativa de desmoralizar Richa. O PSDB nacional nada disse até aqui. Permanece em silêncio obsequioso desde o espancamento dos professores em abril passado.

(Para ser coerente, o PSDB poderia estudar se caberia pedir o impeachment de Richa.)

Se valesse desacreditar alguém pelo fato de ser réu confesso, os acusados de se beneficiarem do roubo da Petrobras e da extorsão de empreiteiras estariam a salvo dos incômodos que enfrentam há mais de seis meses.

Palavra de bandido costuma ser reveladora quando se trata de bandidagem.

Delator em busca de poucos anos de cadeia não pode mentir sob pena de ser duramente castigado.

Se é assim com o PT deve ser assim com qualquer partido, ora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário