Daqui a alguns anos, filhos e netos, criados e maduros e cada vez mais perguntadores, irão querer saber de nós como o Brasil conviveu por tanto tempo com os atuais presidentes da Câmara e do Senado, se os dois estavam sob investigação do Supremo. Como a vida continuava como se nada fosse com eles, enquanto todos os dias alguma notícia os envolvia em corrupção?
Você pode dizer que Eduardo Cunha e Renan Calheiros foram os homens mais poderosos do Brasil, sob a desconfiança da maioria dos brasileiros e inclusive dos próprios colegas, porque assim desejavam dentro e fora do Congresso.
Lembraremos que sempre foi assim. Que na mesma época em que Cunha e Calheiros mandavam, orientando as reações fortes do parlamento a qualquer gesto do governo, o senador Fernando Collor pedia a cassação do procurador-geral da República.
Collor, o caçador de marajás que renunciou à Presidência em 1992 para não ser cassado, e agora também envolvido na Lava-Jato, pretende calar o chefe do Ministério Público que o denunciou ao Supremo.
Cunha, Calheiros e Collor desfrutam de uma imunidade a que poucos podem almejar. São personagens a serviço não só do Congresso que os sustenta como comandantes, mas também de quem não pretende fazer nenhum esforço para que se afastem de onde estão. Para estes, é bom que lá estejam.
Cunha a Calheiros foram feitos do mesmo barro que deu forma a Collor. Todos são aberrações. Estariam bem na periferia da política, vivendo das migalhas do baixo clero do Congresso e de suas atitudes quase sempre indecorosas. Mas são protagonistas.
Collor tem muito a ensinar aos outros dois. O jornalista Mario Sérgio Conti, autor de Notícias do Planalto (Companhia das Letras, 1999), descreve em detalhes como o alagoano foi uma construção perfeita. Um certo jornalismo, tão zeloso de seus feitos, não pode renegar o crédito de ter ajudado a elaborar a figura de Collor como salvador.
Em abril de 1987, o governador de Alagoas foi apresentado em reportagem do então poderoso Jornal do Brasil como o homem que poderia moralizar o país. O livro de Conti relata (na página 46 da primeira reedição) que o JB exaltava: “Como impetuoso lutador faixa-preta de karatê que é, ele investe com golpes fulminantes e certeiros contra vários adversários ao mesmo tempo”.
Como, repita-se, o jornalismo é tão zeloso de suas façanhas, credite-se a literatura do texto acima aos jornalistas Augusto Nunes e Ricardo Setti, que ofereceram o adjetivado personagem ao Brasil como “Furacão Collor”. Pronto, tínhamos um jovem vigoroso e justiceiro para reconstruir a democracia.
O jornalismo que procurava ficar longe de tanta ventania já sabia, de Cacequi a Marau, de Canoas a Apucarana e de Macatuba a Tapejara, que Collor era uma farsa.
O livro de Conti deveria ser estudado, desde o Ensino Médio, para que nossos filhos e netos compreendam como os Cunhas e os Calheiros são criados e sobrevivem a tudo e como Collor afronta até o xerife que o investiga.
Cunha e Calheiros são os furacões de hoje, dedicados a corromper as relações já precárias entre Congresso e governo. Se não tivessem utilidade para os fomentadores desse embate político destrutivo, já teriam sido mandados embora pela parceria, como aconteceu com Fernando Collor em 1992.
Você pode dizer que Eduardo Cunha e Renan Calheiros foram os homens mais poderosos do Brasil, sob a desconfiança da maioria dos brasileiros e inclusive dos próprios colegas, porque assim desejavam dentro e fora do Congresso.
Lembraremos que sempre foi assim. Que na mesma época em que Cunha e Calheiros mandavam, orientando as reações fortes do parlamento a qualquer gesto do governo, o senador Fernando Collor pedia a cassação do procurador-geral da República.
Collor, o caçador de marajás que renunciou à Presidência em 1992 para não ser cassado, e agora também envolvido na Lava-Jato, pretende calar o chefe do Ministério Público que o denunciou ao Supremo.
Cunha, Calheiros e Collor desfrutam de uma imunidade a que poucos podem almejar. São personagens a serviço não só do Congresso que os sustenta como comandantes, mas também de quem não pretende fazer nenhum esforço para que se afastem de onde estão. Para estes, é bom que lá estejam.
Cunha a Calheiros foram feitos do mesmo barro que deu forma a Collor. Todos são aberrações. Estariam bem na periferia da política, vivendo das migalhas do baixo clero do Congresso e de suas atitudes quase sempre indecorosas. Mas são protagonistas.
Collor tem muito a ensinar aos outros dois. O jornalista Mario Sérgio Conti, autor de Notícias do Planalto (Companhia das Letras, 1999), descreve em detalhes como o alagoano foi uma construção perfeita. Um certo jornalismo, tão zeloso de seus feitos, não pode renegar o crédito de ter ajudado a elaborar a figura de Collor como salvador.
Em abril de 1987, o governador de Alagoas foi apresentado em reportagem do então poderoso Jornal do Brasil como o homem que poderia moralizar o país. O livro de Conti relata (na página 46 da primeira reedição) que o JB exaltava: “Como impetuoso lutador faixa-preta de karatê que é, ele investe com golpes fulminantes e certeiros contra vários adversários ao mesmo tempo”.
Como, repita-se, o jornalismo é tão zeloso de suas façanhas, credite-se a literatura do texto acima aos jornalistas Augusto Nunes e Ricardo Setti, que ofereceram o adjetivado personagem ao Brasil como “Furacão Collor”. Pronto, tínhamos um jovem vigoroso e justiceiro para reconstruir a democracia.
O jornalismo que procurava ficar longe de tanta ventania já sabia, de Cacequi a Marau, de Canoas a Apucarana e de Macatuba a Tapejara, que Collor era uma farsa.
O livro de Conti deveria ser estudado, desde o Ensino Médio, para que nossos filhos e netos compreendam como os Cunhas e os Calheiros são criados e sobrevivem a tudo e como Collor afronta até o xerife que o investiga.
Cunha e Calheiros são os furacões de hoje, dedicados a corromper as relações já precárias entre Congresso e governo. Se não tivessem utilidade para os fomentadores desse embate político destrutivo, já teriam sido mandados embora pela parceria, como aconteceu com Fernando Collor em 1992.
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