quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O problema do PT


Essa gente acredita que pode governar de costas para a realidade, pregando e praticando coisas inviáveis e nocivas, contra a ordem econômica sadia e contra os bons costumes.

De fato, o PT chegou a uma encruzilhada histórica. Está há doze anos no poder e se encontra naquele limiar inevitável, o do caos econômico derivado das políticas distributivistas populistas que inviabilizam o livre mercado, seja pelo excesso de tributação, seja pelo excesso de intervenção estatal. Para cumprir a sua agenda, o PT terá necessariamente que caminhar para seu viés autoritário. Com imprensa livre e o Congresso Nacional funcionando não haverá mais “avanços” na agenda revolucionária, podendo haver mesmo um retrocesso “neoliberal” em razão das necessidades imediatas inadiáveis.

A contradição insanável do PT é que, partido revolucionário marxista que é, tem que ser o partido da ordem dentro da democracia. Tem que praticar o neoliberalismo de Chicago. Está desagradando seus quadros mais “verdadeiramente” socialistas, como que traindo as origens.

Dito isso, quero comentar aqui o artigo de Marta Suplicy, publicado na Folha de São Paulo (O diretor sumiu). A autora está de saída do partido, não por discordar programaticamente, mas porque sua chance de obter a legenda para concorrer a cargos majoritários é nula. Não há mais espaços para ela dentro do PT. O artigo de Marta é interessante porque ela propõe um diagnóstico para todas as crises que campeiam no Brasil. Nas suas palavras:

Tenho pensado muito sobre a delicadeza e a importância da transparência nos dias de hoje. Temos vivido crises de todos os tipos: crise econômica, política, moral, ética, hídrica, energética e institucional. Todas elas foram gestadas pela ausência de transparência, de confiança e de credibilidade”.

Obviamente que Marta Suplicy fez aqui uma simplificação hiperbólica, dizendo mais ou menos o seguinte: o PT tem acertado, sua política faz bem ao Brasil, mas peca pela falta de transparência. Ora, o que está errado é precisamente a proposta política do PT, que empobrece a nação e a leva para um conflito de grandes proporções. Marta como que se propõe a ser “mais PT” com transparência. Está muito equivocada.

O que tem provocado crises é o equívoco de achar que o Estado pode se sobrepor ao mercado como instrumento do desenvolvimento econômico, que o distributivismo é a saída para a concentração de renda, que a tributação é o caminho da justiça social e que o mercado precisa ser tutelado, pois é suspeito de ganância. O viés anticapitalista do programa do PT é que está na raiz de todas as mazelas.

É evidente que Marta Suplicy não percebe a realidade. Como os petistas e esquerdistas em geral não percebem. Se o percebessem fatalmente deixariam de ser socialistas e abraçariam as teses liberais. Essa gente acredita que pode governar de costas para a realidade, pregando e praticando coisas inviáveis e nocivas, contra a ordem econômica sadia e contra os bons costumes. Marta Suplicy sempre foi da linha de frente da revolução cultural, tendo ajudado fortemente o partido a chegar ao poder.

São pertinentes, todavia, as críticas à pessoa da presidente Dilma Rousseff. Ela tem personalidade errática, é autoritária, omissa e voluntarista e não sabe muito bem sobre a arte de governar. Para ela, governar é fazer decretos de nomeação. Engana-se. Nem tem a lealdade e nem a solidariedades de ninguém, nem da base aliada e até mesmo da Marta Suplicy.

Mas o problema é de fundo e sistêmico: é a proposta política do PT que malogrou e está caminhando pelas ruas feito morto-vivo. Precisa ser abandonada. As críticas “por dentro”, como as feitas por Marta, pelo PSOL e pelo PSB são enganosas, verdadeiras cortinas de fumaça. Dizem: me ponham no lugar que faço melhor a revolução. Essa gente é completamente alienada.

O fato é que o Brasil se encontra à beira do abismo e não será alguém como Marta Suplicy que poderá salvar a nação. Quem será? Esse ator ainda não apareceu. Tempos de grandes perigos.

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