segunda-feira, 15 de setembro de 2014

POEMA DA NOITE Pathos, Sérgio Cohn


o sopro de veneno no ouvido, o jorro
impossível assaltando os olhos, luzes
intermitentes, tantas luzes
no azul manto escuro, um passo,
então silêncio, uma árvore
se sobressai no mercúrio, o verde
de tantos matizes, a cadência
dos tons. rico universo de uma só cor
e tantas dimensões pressentidas.
uma árvore, poderia chamar-lhe
pau-ferro, caesalpinía férrea,
mas é uma apenas uma árvore
à beira do caminho.
catedral ao avesso, sacraliza o ao redor.
as formas tatuadas no seu tronco,
rostos tão estranhos, uma folha cai.
é possível perceber nosso semblante
em suas nervuras, a reciprocidade
do espanto, ou sentar-se
a observar os cristais de orvalho,
mônadas no ventre do tempo.
uma árvore, convite.
nela ver o mundo,
missiva do imponderável.

Sérgio Cohn (São Paulo, 16 de abril de 1974) - Além de poeta é editor da Azougue Editorial. Publicou: Lábio dos Afogados (São Paulo: Nankin Editorial, 1999); Horizonte de Eventos (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2002); O Sonhador Insone (Rio de Janeiro, Azougue Editorial, 2006). Como editor, organizou livros de Celso Luiz Paulini, Jorge Mautner, Vinicius de Moraes, entre outros. Além de ter realizado livros como 'Nuvem Cigana - Poesia e Delírio no Rio na Década de 1970' e Poesia.Br - Poesia Brasileira das Origens ao Século XXI.

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