http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2014/08/26/cartas-de-berlim-revolucao-do-futebol-alemao-por-albert-steinberger-547091.asp

Até aí, tudo bem. Eles fizeram uma bela Copa do Mundo, sagraram-se tetracampeões e foram o primeiro país europeu a levantar o caneco na América. Parabéns, mereceram!
O duro é toda vez que menciono ser brasileiro ver um sorrisinho de canto de boca e ter que ouvir comentários que me remetem àquela bendita semi-final do "apagão de sete". Nada ofensivo. São sempre comentários até respeitosos, mas que me trazem lembranças que preferiria esquecer.
Durante o jogo estava cercado de alemães que trabalhavam comigo. Ouvi gozações moderadas até os 2 a 0. Depois disso, conheci em alemão o real significado da palavraMitleid. Algo na linha do dó, da piedade e da compaixão. Os alemães foram leais, bons ganhadores. Duro foi depois do jogo ter de fazer o chamado no jargão jornalístico povo fala com os torcedores brasileiros. Foi uma catarse…
Mas o mais triste foi ver que esta humilhação não resultou em nada. Apenas trocamos de técnico, como é usual fazermos de dois em dois anos. E ainda escolhemos alguém que é uma figurinha repetida, já esteve no cargo.
Nesta semana durante um dos momentos em que tive que ouvir comentários sobre os sete a um, alguém lembrou sobre a humilhação que a Alemanha passou em 2000, quando foi eliminada na fase de grupos da Eurocopa, ao perder para Portugal por 3 a 0. Na época ficou claro que precisava-se mudar o modelo em que o futebol era organizado no país.
Uma série de medidas foram tomadas, como por exemplo, investir e tornar obrigatórias as categorias de base de times de primeira e segunda divisão. Foi montado ainda toda uma estrutura de peneiras e formação craques de alto nível. A geração que foi campeã é uma consequência disto.
Quando vejo o Dunga como a solução apresentada pela CBF, só aumenta a minha vergonha por aqui.

Liga profissional de futebol da Alemanha
Albert Steinberger é repórter freelancer, ciclista e curioso. Formado em Jornalismo pela UnB, fez um mestrado em Jornalismo de Televisão no Golsmiths College, University of London. Atualmente, mora em Berlim onde trabalha como repórter multimídia para jornais, sites e TVs. Escreve qui todas as terças-feiras
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