15/03/2014
O título acima pode ser lido de várias formas. Seja lá que forma for dada a leitura, a saúde no Brasil é um caso de calamidade pública. Pelo aspecto educacional é uma lástima o que estão fazendo com o curso de medicina ao promoverem aberturas de faculdades como se fossem verdadeiros supermercados do ensino médico. Não cabe a classe médica como um todo, ser responsabilizada pelos desmanches que existem na saúde brasileira, desde as faculdades até as instituições hospitalares. É o desleixo da autoridade pública ante os fatos, que remetem a situações críticas ao atendimento da população.
Em Mato Grosso a situação não é diferente do que ocorre no resto do Brasil. Não bastassem as empreiteiras que entregam péssimas construções de obras públicas, o estado se vê na mesma toada em relação aos hospitais. Constroem verdadeiros palacetes hospitalares para encher os olhos dos eleitores e cooptar seu voto nas eleições. É um dos estados que menos investiu em saúde. A grande jogada do poder público está em transferir a administração e ganhos a empresas privadas de administração hospitalar. Qual o ganho com isso? Quem sabe é retirar de sua órbita direta de responsabilidade o andamento da gestão hospitalar e das demais relativas ao atendimento de qualidade que clama a população, principalmente aos que ficam pelos corredores em macas improvisadas, aliás, permanentes.
Pelo que tenho de informação, em conversas com médicos que influenciaram na minha iniciativa de falar mais especificamente sobre a saúde em Mato Grosso, até porque tenho dezenas de parentes e amigos médicos, a situação de hospitais como o Metropolitano de Várzea Grande, um enorme investimento público que foi terceirizado para o Instituto Pernambucano de Assistência Social – IPAS, não anda bem das pernas e uma grave crise está com pavio acesso para explodir a qualquer momento, provavelmente segunda feira, 17/03/14. A referida Instituição IPAS está em atraso com os pagamentos dos médicos anestesistas a quase um semestre, melhor, cinco meses. Neste sábado foi feita promessa de quitação de parte desses pagamentos, mas já se tem notícia de que não terá dinheiro para tal. A greve dos médicos anestesistas está latente. Muitas operações poderão ser desmarcadas e quem sofre com isso é a população pobre e extremamente necessitada desse apoio médico.
Em conversa com o Dr. Antonio Augusto Curvo, o Guto, meu estimado primo e amigo, não é o procedimento dos médicos anestesistas algo sem fundamento ou mesmo de “beicinhos” como disse certo ministro aos empresários. Como trabalhadores, iguais a todos na relação trabalhista, estes médicos estão sem receber desde novembro quando então foi pago apenas 50% do valor a receber dos plantões. De lá para cá nada mais foi acrescentado à conta bancária dos médicos.
As alegações do IPAS de não cumprir com o pagamento dos médicos anestesistas, continua Dr. Curvo, está calcada na razão de falta de repasse do Governo do Estado de Mato Grosso para a administradora. Mas não fica somente nisso a reclamação e brado da Coopanest – Cooperativa dos Anestesiologistas de Mato Grosso. Além da falta de pagamento dos médicos, problemas estruturais aumentam em grande velocidade com a parte física do Hospital Metropolitano. Já são duas salas de procedimento médico operatório que estão interditadas por falta de manutenção o que reduz os atendimentos cirúrgicos e prejudica, de forma direta, a população. Há informação, inclusive, da falta sistemática de medicamentos e materiais, em Várzea Grande.
Nessa briga de cão e gato entre a IPAS e o Estado, divulgada pela mídia, ficam os médicos, o Hospital e a principal interessada: a população. O Governo disse que já repassou os recursos e exige do Instituto, o IPAS, a devolução de dinheiro mal utilizado, denunciando a má administração, inclusive sobre remédios de alto custo. Agora vá entender, o governo está repassando da Fibra, outra terceirizada, para o IPAS as unidades de Colíder e Alta Floresta.
O que justificou a entrada dessas OSS- Organização Sociais de Saúde, na operacionalização da saúde pública em Mato Grosso? Falta de competência do governo, a mais provável, ou interesses outros? O que garante que essas unidades públicas não serão sucateadas e entregues em péssimo estado de conservação como o que já está ocorrendo no Metropolitano, com infiltrações e fechamento de salas de procedimentos cirúrgicos o que significa menos atendimento operatório a população carente. Em verdade, é crítico o estado da saúde.
Jornalista e Adv. Rapphael Curvo
raphaelcurvo@hotmail.com
Adv. Ellen Maia Dezan Curvo
OAB/SP 275669
ellendezan@hotmail.com
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