CARLOS VIEIRA
No dia 17 de maio de 1990, a Assembleia Geral da Organização de Saúde retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais. Por fim, em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homoafetivos uma violação aos direitos humanos.
É mister salientar que, homossexualidade se refere a uma qualidade de um ser (humano ou não) que sente atração física, estética e/ou emocional(afetiva) por outro ser do mesmo sexo ou gênero. A experiência homossexual é uma experiência afetiva, sexual e romântica.
Atente querido leitor: experiência afetiva, sexual e romântica! Dito de outro modo, hoje, ao contrário de um passado preconceituoso e cruel, não se pode mais negar que a relação homossexual contenha um aspecto sensual, sexual e outro terno, afetivo. Aliás, nada diverso do que nas relações heterossexuais quando existem integrados: ternura e afeto.
O beijo de Félix e Nico na novela Amor à Vida era uma cena desejada, querida, amedrontadora, rejeitada? A natureza da mente humana é ambivalente, pois sempre revela consciente e inconscientemente, desejos contrários. Houve até apostas, torcidas, discussões clamorosas e pressões sobre os diretores da novela! No entanto, sob um viés, não de torcida fundamentalista de time de futebol, mas de reflexão sobre os afetos humanos, o beijo foi um beijo sim, mas mais do que isso foi uma Metáfora - a metáfora da ternura entremeada com a sexualidade, coroando um momento no dizer de Bandeira, o poeta, momento de alumbramento. Em artigo escrito na revista Época, Walcyr Carrassco chega a afirmar: “...será um beijo de amor. Queria um beijo como algo que faz parte do cotidiano das pessoas. Não o beijo do gueto, com rapazes dançando de sunga ao fundo. Queria dizer que o beijo gay também pode fazer parte de uma vida familiar”. Aos curiosos ou voyeristas com um toque de sadismo triunfante, o beijo era necessário. Triunfar sobre que? Chocar o público? Ganhar a guerra, reagir ou coisa do tipo, acho que cabia pouco naquele momento. O beijo que segundo a lenda, o autor da novela e os diretores deixaram os atores livres para dramatizá-lo, entendo mais como um ato de reparação, de respeito e de consideração com pessoas que sofreram e ainda sofrem o preconceito. Penso também, ser uma contribuição para que a sociedade não encare a sexualidade e o amor entre pessoas do mesmo sexo com uma aberração psicopatológica.
Imagino que a novela intrigou expectadores; deve ter criado náuseas; fez surgir o afeto escondido de alguém, afeto de respeito e não de ódio; aliviou pais e mães que provavelmente estão mais livres para amarem seus filhos homoafetivos; reforçou a ideia que não é a lei que resolve o preconceito, ainda que fundamental, mas tolerância e aceitação de que: a escolha amorosa e sexual não é reservada aos casais de sexo diferentes!
O beijo de Nico em Félix e vice-versa, foi mais do que um beijo. Observando atentamente a cena, os olhares afetivos e as bocas se uniram numa comunhão de sinceridade, ética, empatia, carinho e ternura entre dois seres humanos. Não foi um beijo perverso, canibal, vampiresco, imoral, foi um beijo com expressão lírica, de um lirismo que entrava naquele momento em milhões de habitações! Não como um pedido de licença para “fazer a cabeça” de quem quer que seja, mas para expressar a legitimidade entre dois amantes que têm direitos de viver uma vida amorosa-sexual sem o rótulo diabólico da perversão. Lembro agora que, um eminente professor de cirurgia na minha faculdade de medicina chamava os homoafetivos de Invertidos!
Talvez faça sentido agora, o fato de que até deputados querem criar leis para “desinverter” os invertidos. A cura do mal! Creio que essas pessoas abominaram assistir à cena do beijo?
Enfim, mais uma vez enfatizo aqui, na minha Coluna, que a novela é um poderoso veículo cultural para atingir às massas. Gostaria que fosse também o teatro, a ópera, mas ainda está longe algum governo pensar em priorizar verbas para a Cultura, na mesma condição que financia obras monumentais, facilidades às classes privilegiadas ou coisa desse tipo que estamos cansados em presenciar. Parafraseando o beijo, fica aqui a esperança de que, nesse tempo de eleições, os futuros candidatos possam oferecer respeito humano e parceria como bem o fizeram Félix e Nico. O “beijo verdadeiro entre parcerias” que transmita afeto, consideração, generosidade, ética, sentimento de estar-com numa relação amorosa, e não numa falsa relação onde a perversidade impera entre os homens, como acontece nos dias atuais. Lamentável que, para mentir não se tenha preconceitos!
É mister salientar que, homossexualidade se refere a uma qualidade de um ser (humano ou não) que sente atração física, estética e/ou emocional(afetiva) por outro ser do mesmo sexo ou gênero. A experiência homossexual é uma experiência afetiva, sexual e romântica.
Atente querido leitor: experiência afetiva, sexual e romântica! Dito de outro modo, hoje, ao contrário de um passado preconceituoso e cruel, não se pode mais negar que a relação homossexual contenha um aspecto sensual, sexual e outro terno, afetivo. Aliás, nada diverso do que nas relações heterossexuais quando existem integrados: ternura e afeto.
O beijo de Félix e Nico na novela Amor à Vida era uma cena desejada, querida, amedrontadora, rejeitada? A natureza da mente humana é ambivalente, pois sempre revela consciente e inconscientemente, desejos contrários. Houve até apostas, torcidas, discussões clamorosas e pressões sobre os diretores da novela! No entanto, sob um viés, não de torcida fundamentalista de time de futebol, mas de reflexão sobre os afetos humanos, o beijo foi um beijo sim, mas mais do que isso foi uma Metáfora - a metáfora da ternura entremeada com a sexualidade, coroando um momento no dizer de Bandeira, o poeta, momento de alumbramento. Em artigo escrito na revista Época, Walcyr Carrassco chega a afirmar: “...será um beijo de amor. Queria um beijo como algo que faz parte do cotidiano das pessoas. Não o beijo do gueto, com rapazes dançando de sunga ao fundo. Queria dizer que o beijo gay também pode fazer parte de uma vida familiar”. Aos curiosos ou voyeristas com um toque de sadismo triunfante, o beijo era necessário. Triunfar sobre que? Chocar o público? Ganhar a guerra, reagir ou coisa do tipo, acho que cabia pouco naquele momento. O beijo que segundo a lenda, o autor da novela e os diretores deixaram os atores livres para dramatizá-lo, entendo mais como um ato de reparação, de respeito e de consideração com pessoas que sofreram e ainda sofrem o preconceito. Penso também, ser uma contribuição para que a sociedade não encare a sexualidade e o amor entre pessoas do mesmo sexo com uma aberração psicopatológica.
Imagino que a novela intrigou expectadores; deve ter criado náuseas; fez surgir o afeto escondido de alguém, afeto de respeito e não de ódio; aliviou pais e mães que provavelmente estão mais livres para amarem seus filhos homoafetivos; reforçou a ideia que não é a lei que resolve o preconceito, ainda que fundamental, mas tolerância e aceitação de que: a escolha amorosa e sexual não é reservada aos casais de sexo diferentes!
O beijo de Nico em Félix e vice-versa, foi mais do que um beijo. Observando atentamente a cena, os olhares afetivos e as bocas se uniram numa comunhão de sinceridade, ética, empatia, carinho e ternura entre dois seres humanos. Não foi um beijo perverso, canibal, vampiresco, imoral, foi um beijo com expressão lírica, de um lirismo que entrava naquele momento em milhões de habitações! Não como um pedido de licença para “fazer a cabeça” de quem quer que seja, mas para expressar a legitimidade entre dois amantes que têm direitos de viver uma vida amorosa-sexual sem o rótulo diabólico da perversão. Lembro agora que, um eminente professor de cirurgia na minha faculdade de medicina chamava os homoafetivos de Invertidos!
Talvez faça sentido agora, o fato de que até deputados querem criar leis para “desinverter” os invertidos. A cura do mal! Creio que essas pessoas abominaram assistir à cena do beijo?
Enfim, mais uma vez enfatizo aqui, na minha Coluna, que a novela é um poderoso veículo cultural para atingir às massas. Gostaria que fosse também o teatro, a ópera, mas ainda está longe algum governo pensar em priorizar verbas para a Cultura, na mesma condição que financia obras monumentais, facilidades às classes privilegiadas ou coisa desse tipo que estamos cansados em presenciar. Parafraseando o beijo, fica aqui a esperança de que, nesse tempo de eleições, os futuros candidatos possam oferecer respeito humano e parceria como bem o fizeram Félix e Nico. O “beijo verdadeiro entre parcerias” que transmita afeto, consideração, generosidade, ética, sentimento de estar-com numa relação amorosa, e não numa falsa relação onde a perversidade impera entre os homens, como acontece nos dias atuais. Lamentável que, para mentir não se tenha preconceitos!
Carlos.A.Vieira, médico, psicanalista, Membro Efetivo da Sociedade de Psicanálise de Brasília e de Recife. Membro da FEBRAPSI e da I.P.A - London
Nenhum comentário:
Postar um comentário