quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Saudades das férias de 2001


Posted: 08 Jan 2014 06:00 AM PST

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Sempre que há algum índice ruim na economia nacional, os que torcem pelo fracasso do atual governo - e indiretamente pelo fracasso do Brasil - saem à carga para anunciar o fim do mundo. Desta vez é a notícia de que o Brasil teve o seu pior saldo comercial em 13 anos. Eis uma coincidência interessante. Façam as contas, voltem no tempo e vejam em que época estaremos: o saudoso ano de 2001.

O povo da Reaçolândia não economiza nos adjetivos para anunciar o desastre que começa a arrastar o atual governo para o precipício. Mas desta vez sou obrigado a aderir ao coro dos descontentes. Também tenho saudades de 2001. Naqueles tempos, já vivendo fora do Brasil, enquanto turista fazia a festa em qualquer lugar do país. É que o real era uma moeda fraquinha em relação ao euro e até um pé de chinelo como eu podia levar vida de rico.

Naqueles tempos - em que o Brasil cumpria o desígnio da “teoria da dependência” (lembram de quem defendia essa teoria?) - a minha vida era muito mais tranquila. A começar pelos aviões, que nem sempre enchiam e às vezes eu até conseguia ter quatro bancos para viajar dormindo esticadão. Hoje os vôos estão sempre cheios com essa brasileirada que não para de viajar para o exterior e voltar com a mala cheia de bugigangas do tal primeiro mundo.

Também gostava porque podia andar sempre de táxi em Joinville. Mesmo sendo caro ainda dava para aguentar os preços. E era legal porque podia sair para jantar e beber à vontade, sem precisar dirigir (como manda a lei). Mas hoje em dia o cara tem que se virar em casa mesmo, porque é muito caro comer fora. Mais do que em algumas capitais europeias. Aliás, não entendo como os restaurantes estão sempre cheios se a economia está a um passo do despenhadeiro.

Ah… e lembro também que ir para a praia era tranquilo. Não havia esse movimento alucinante na estrada - porque poucos brasileiros podiam comprar  carro - e não tinha aquela coisa de levar três horas para chegar a Enseada, por exemplo. Alugar casa na praia? Uma teta. Também era raro acontecerem coisas como a falta de água ou de luz pelo excesso de população. Pô, hoje qualquer um já pode ir de férias para a praia.

É, gente, a coisa esta mesmo feia. Legal mesmo era aquele tempo em que pobre era pobre, conhecia o seu lugar e não invadia a praia dos outros. Férias na praia viraram um inferno. Saudades do tempo em que a gente distinguia as pessoas de bem dos farofeiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário