Carlos Chagas
Mais uma vez o ex-presidente Lula declarou que não pretende ser candidato, que apóia Dilma com todas as suas forças. Mesmo assim, no PT, crescem as exortações para o primeiro companheiro colocar-se em condições de disputar a presidência da República em 2014, se continuar a queda na popularidade da sucessora.
O único empecilho a uma eventual candidatura do Lula seria sua saúde, mas ainda na semana que passou ele riu das especulações e garantiu estar muito bem. A doença foi extirpada e não voltou, garantem seus médicos.
A presidente Dilma não se oporia a uma reviravolta no processo sucessório. Primeiro porque se acontecesse, a causa estaria nas pesquisas de opinião. Depois, porque não discutirá qualquer decisão do antecessor e criador.
Em suma, por enquanto a reeleição segue seu curso, mas lá diante, no começo do ano que vem, precisará haver um exame da situação. Exame com um só professor. Se ficar aberta a possibilidade de derrota da presidente, o Lula entrará em campo.
SÓ EM ABRIL
Tem gente confundindo vontade com realidade. Sucedem-se as especulações de uma próxima reforma do ministério, até mesmo com redução de seu número. Nada corresponde, repetem os porta-vozes do governo.Em abril de 2014 vence o prazo para a desincompatibilização dos ministros que disputarão as eleições de outubro. Pode ser que um ou dois meses antes a presidente Dilma recomponha a equipe, já que pelo menos treze ministros serão candidatos a governos estaduais, à Câmara e ao Senado.
Essa disposição não afasta a hipótese de mudanças pontuais, a qualquer momento, pois nomear e demitir ministros é prerrogativa presidencial. Se um ficar doente, se o partido de outro abandonar a base oficial, até mesmo se algum for flagrado em ilícito, deixarão de ser ministros. Fora daí, podem ficar sossegados.
IMPOSSÍVEL BOMBARDEAR MEIA PONTE
Vale repetir o episódio da indignação do general Douglas MacArthur quando, perto de invadir a China, na guerra da Coréia, recebeu do presidente Truman a ordem de não avançar nem bombardear território chinês. Deveria restringir suas operações à Coréia. Uma ponte ligava os dois países, por onde entravam os soldados de Mao. MacArthur ia destruí-la mas foi alertado para só destruir a metade coreana. “Nunca vi, na história das guerras, a possibilidade de bombardear meia ponte…”
Guardadas as proporções, assim está a presidente Dilma diante do PMDB. É impossível romper apenas com meio partido, com aqueles parlamentares que a hostilizam, preservando os demais. Mesmo sem ser uma ponte, o PMDB é um só.
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