quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Tirar o máximo, dando o mínimo - CARLOS CHAGAS

Author: Carlos Newton | Date: 
Carlos Chagas
Desta vez foi em Portugal, como havia sido na Grécia, Espanha,  Itália e até França: multidões vão para as ruas das principais cidades protestar contra as chamadas “medidas de austeridade” adotadas pelos respectivos governos para enfrentar a crise econômica. A receita é uma só: demissões em massa, redução nos salários, aumento na jornada semanal de trabalho, diminuição das aposentadorias e pensões, extinção de programas sociais e sucedâneos.
Com elas, equilibram-se as contas dos bancos e das grandes empresas  bem como se maquiam os orçamentos públicos em sucessivas prestações de contas àqueles que  efetivamente gerem a economia mundial, de Nova York a Berlim  e adjacências.
Nada de novo sob o sol. É o trabalhador que paga a conta. Aumentam os preços dos alugueis e dos gêneros de primeira necessidade. Pioram os serviços públicos. Mas festejam as elites e os potentados financeiros, aqueles que da crise conseguem tirar lucros  vantagens ainda maiores.
Indaga-se quando esse embuste cruzará o Atlântico. Por enquanto, o Brasil rejeita a solução imposta à Europa, como tem repetido a presidente Dilma. Para ela, a saída está no crescimento,  não na recessão. Pode ser que resista ainda por algum tempo, enquanto o    círculo se fecha.  Será inexorável, porém, entre  os, a adoção das formas ortodoxas e malandras de condução da economia. Privatizações já se sucedem    como rotina. A conseqüência não demora, pois interessa aos grupos selecionados  para gerir aeroportos, rodovias, ferrovias e o petróleo do pré-sal tirar o máximo dando o mínimo.
Deve cuidar-se a presidente da República. As elites, se  não bastam para reelegê-la, detém influência e poderes para obstar-lhe a conquista do segundo  mandato. As concessões já feitas pelo seu governo acenderam ainda mais ambições e exigências, até a hora final em que iremos aderir à fórmula européia do desemprego, das demissões, dos cortes e tudo o mais. Quanto aos protestos da massa, lá como cá resultam em lamentos e indignação, mas sem meios para passar de depredações.  Parece perigoso juntar as duas pontas do fio… 

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