quinta-feira, 7 de novembro de 2013

São tantos escândalos que se tornaram triviais

ARTIGO

by mirandasa08

MIRANDA SÁ (E-mail: mirandasa@uol.com.br )
Sentei-me para escrever meu artigo das quintas-feiras para o Blog. Esta semana é o quarto que componho de memória e pesquisa; os outros três foram para os jornais que publicam meus textos. Pelo número, os temas vão se afunilando e me veio à cabeça analisar os escândalos que se sucedem no País.
Ao estudar os casos, de outubro para cá, vi – sem surpresa, porque a corrupção banalizou-se –; tantos escândalos que se tornaram triviais, e eu poderia adotar o título: “PT-governo, o escândalo dia-a-dia”.
Quando passei a vista pelos jornais de hoje, dia 7 de novembro, encontrei só nas primeiras páginas dos jornais pelo menos cinco chamadas perturbadoras: A primeira, n’O Globo, “Sob suspeita: TCU recomenda ao Congresso a paralisação de sete obras custeadas pelo governo federal nas quais viu indícios de irregularidades”.
Depois se sucederam resumos de notícias do mesmo teor e interesse, como “Auditora será exonerada após dizer que o secretário Antonio Donato (PT) recebeu dinheiro da quadrilha que fraudou o ISS”. Mais outra, uma barbaridade! “MP aponta que duas pessoas morreram e 73 ficaram feridas em acidentes nas estradas de Santa Catarina durante três dias em que a ministra Ideli Salvati ficou com o helicóptero médico da PRF”.
Não bastasse, outro diário mostra a irresponsabilidade e a inconsequência do PT-governo, informando que “Governo erra contas e subestima gasto social em R$ 20 bi em desembolsos que piora as contas públicas”. Um erro de R$ 20 bilhões não poderia ser encontrado na contabilidade de um governo.
Mas a coisa vai assim na escalada de escândalos iniciada em 2006, quando a Polícia Federal realizou a “Operação Sanguessuga” para desarticular o esquema de fraudes em licitações na área de Saúde, revelando o comprometimento de parlamentares e ocupantes de altos cargos da administração pública, principalmente no Ministério da Saúde. A quadrilha ficou conhecida como a “máfia das ambulâncias”.
Registre-se a data. Foi no começo do Governo Lula quando, pouco tempo depois, o então deputado Roberto Jefferson dedurou o esquema de corrupção comandado pelo ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, José Dirceu. A denúncia (que envolveu o próprio denunciante) explodiu como uma bomba atômica apontando uma rede de corrupção com incentivos a troca de partidos, indicações para cargos e compra de apoio político no Congresso Nacional. Estava descoberto o famoso Mensalão.
Não mais do que depressa, na mesma Casa Civil – e não foi uma coincidência –, estourou o escândalo dos cartões corporativos implicando a sucessora de José Dirceu, Erenice Guerra. Uma reportagem investigativa da revista “Veja” apontou Israel Guerra, filho de Erenice, participando de um esquema de tráfico de influência e sucessivas negociatas com base no prestígio da mãe Ministra e na autoridade da presidente Dilma, a quem Israel chamava de ‘madrinha’.
Aliás, Erenice chamava Dilma de comadre, e dela recebeu apoio que só foi abrandado e cessou após o ex-presidente Lula da Silva mandar um recado asseverando que a situação se tornara insustentável, e sugerindo a eliminação de Erenice.
Simultaneamente aflorou (sem trocadilho) o caso Rose na mesma Casa Civil, trazendo à cena Rosemary Nóvoa de Noronha, chefe do gabinete regional da Presidência da República em São Paulo. Com grande influência no Governo Federal graças às relações íntimas com o ex-presidente Lula, Rosemary foi implicada na “Operação Porto Seguro” da Polícia Federal, que investigou trapaças na administração federal.
Baseado no levantamento feito pela “Operação Porto Seguro”, o MPF denunciou 24 pessoas, inclusive Rosemary, por formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de influência, falsidade ideológica e falsificação de documento particular.
Pela blindagem e impunidade, a incúria e a corrupção dos que estão de cima, se refletem no andar de baixo... Passam a ser cópias xerocadas na rotina dos subordinados, chefes, chefinhos e chefetes do Governo e do partido.

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