FOLHA DE SP - 24/11
O enorme avanço da globalização e das comunicações oferece bombardeio incessante de informações que precisam ser colocadas em perspectiva para extrair delas o que é relevante. Olhando a economia mundial hoje, existem três eventos determinantes que, percebidos conjuntamente, ganham enorme relevância.
O primeiro são as abrangentes reformas chinesas recém-anunciadas, que preveem abertura de mercados e retirada gradual do Estado de diversas atividades.
O segundo é a abertura e a modernização do sistema financeiro indiano efetuadas pelo novo presidente do banco central da Índia, Raghuram Rajan. A expectativa geral é que as reformas sejam a partida para um processo mais abrangente de liberalização da economia indiana, com redução de controles e burocracias que emperram o desenvolvimento, apesar do alto potencial baseado na massa de jovens entrando no mercado de trabalho.
O terceiro fato crucial é o surpreendente crescimento da economia do Reino Unido. O governo conservador britânico implementou processo de consolidação fiscal, com corte consistente de despesas e diminuição do tamanho do Estado. Mas, ao contrário de Espanha, Grécia, Irlanda e, de certa maneira, Itália, que adotaram maior responsabilidade fiscal de forma hesitante e após grandes dificuldades de financiamento, as medidas britânicas foram decididas de forma espontânea e soberana.
Londres seguia tendo acesso amplo a crédito, com juros baixos, mas, para horror de muitos, em plena crise, passou a não só liberar ainda mais os mercados como iniciou processo agressivo de redução de despesas, consolidação fiscal e melhora nas condições de financiamento às empresas. Ou seja, o corte de despesas foi logo seguido por reformas produtivas, o que não ocorreu no sul da Europa.
Muitos esperavam que a austeridade trouxesse severa contração à economia britânica, como nos países em crise, mas ocorreu o contrário. As medidas, a partir de determinado momento, geraram mais confiança de consumidores, empresários e investidores na solidez do país. E, ao reduzirem a necessidade de financiamento do Estado, liberaram recursos ao setor privado, que elevou a produtividade.
Em resumo, países de estruturas políticas e econômicas tão diversas quanto Reino Unido, China e Índia caminham na mesma direção: redução do papel e do tamanho do Estado, abertura maior ao setor privado, busca de maior eficiência e produtividade e concentração estatal na regulação de determinados mercados e na provisão de serviços essenciais.
Em meio ao turbilhão diário de notícias, o improvável eixo Pequim-Nova Déli-Londres oferece grande lição de política econômica.
O enorme avanço da globalização e das comunicações oferece bombardeio incessante de informações que precisam ser colocadas em perspectiva para extrair delas o que é relevante. Olhando a economia mundial hoje, existem três eventos determinantes que, percebidos conjuntamente, ganham enorme relevância.
O primeiro são as abrangentes reformas chinesas recém-anunciadas, que preveem abertura de mercados e retirada gradual do Estado de diversas atividades.
O segundo é a abertura e a modernização do sistema financeiro indiano efetuadas pelo novo presidente do banco central da Índia, Raghuram Rajan. A expectativa geral é que as reformas sejam a partida para um processo mais abrangente de liberalização da economia indiana, com redução de controles e burocracias que emperram o desenvolvimento, apesar do alto potencial baseado na massa de jovens entrando no mercado de trabalho.
O terceiro fato crucial é o surpreendente crescimento da economia do Reino Unido. O governo conservador britânico implementou processo de consolidação fiscal, com corte consistente de despesas e diminuição do tamanho do Estado. Mas, ao contrário de Espanha, Grécia, Irlanda e, de certa maneira, Itália, que adotaram maior responsabilidade fiscal de forma hesitante e após grandes dificuldades de financiamento, as medidas britânicas foram decididas de forma espontânea e soberana.
Londres seguia tendo acesso amplo a crédito, com juros baixos, mas, para horror de muitos, em plena crise, passou a não só liberar ainda mais os mercados como iniciou processo agressivo de redução de despesas, consolidação fiscal e melhora nas condições de financiamento às empresas. Ou seja, o corte de despesas foi logo seguido por reformas produtivas, o que não ocorreu no sul da Europa.
Muitos esperavam que a austeridade trouxesse severa contração à economia britânica, como nos países em crise, mas ocorreu o contrário. As medidas, a partir de determinado momento, geraram mais confiança de consumidores, empresários e investidores na solidez do país. E, ao reduzirem a necessidade de financiamento do Estado, liberaram recursos ao setor privado, que elevou a produtividade.
Em resumo, países de estruturas políticas e econômicas tão diversas quanto Reino Unido, China e Índia caminham na mesma direção: redução do papel e do tamanho do Estado, abertura maior ao setor privado, busca de maior eficiência e produtividade e concentração estatal na regulação de determinados mercados e na provisão de serviços essenciais.
Em meio ao turbilhão diário de notícias, o improvável eixo Pequim-Nova Déli-Londres oferece grande lição de política econômica.
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