08/10/2013 16:24 |
Mais manifestações, mais quebra-quebras, mais inação da Polícia. Os bandidos estão uniformizados, mascarados, com martelos e marretas, e mesmo assim não são sequer convidados a identificar-se. Quebram equipamentos públicos, põem fogo em ônibus, explodem um carro, ferem gente, viram uma viatura policial, arrebentam vitrines, invadem bancos para depredá-los e ninguém é preso. Cadê o Governo dos Estados, o Governo federal? Há várias hipóteses possíveis:
1 - O Governo ordena à Polícia que não intervenha. 2 - O Governo ordena à Polícia que intervenha, mas não é obedecido. 3 - O Governo ordena à Polícia que intervenha, mas a Polícia não tem condições para intervir. São hipóteses intoleráveis: indicam que Estados e União estão sem governo. Ou há - e esta é uma outra hipótese, a mais terrível e intolerável de todas: a de que haja autoridades interessadas na confusão e na depredação. Já houve imagens na TV de baderneiros jogando coquetéis Molotov, correndo em direção à Polícia, sendo bem acolhidos e, pouco depois, reaparecendo fardados. Pode ser um caso isolado. Tomara - mas, se não for, explica toda a baderna e a inação policial. Nada como agentes provocadores para criar um clima que leve a opinião pública a exigir que as autoridades retomem o controle das ruas e se imponham sobre os vândalos, mesmo com um golpe, mesmo que destruam a democracia. Resumindo: ou o Governo é irresponsável, ou o Governo é responsável. Relembrar é preciso Em 1964, agia nos quartéis o mais famoso agente provocador brasileiro: Anselmo José dos Santos, o Cabo Anselmo. Insuflou a rebelião dos sargentos, levando as Forças Armadas a reagir à quebra da hierarquia e ajudando a convencer a classe média de que o Governo planejava um golpe e deveria ser derrubado. Bandidos à solta Há por aí grupos perigosos. Em 22 de março, 20 skinheads, nazistas, mataram alguém de outro bando. No dia 8 de outubro, a Polícia paulista anunciou que estava cumprindo os mandatos de busca e apreensão -sete meses depois. Terão eles se privado de participar dos quebra-quebras, fazendo o que sabem: baderna? Segurança pública e privada O coronel Alberto Pinheiro Neto, que chefiou as operações da PM do Rio durante as manifestações de junho, é o mais novo astro global. O ex-comandante do Bope assinou com a Rede Globo e já dirige sua segurança patrimonial e corporativa, no Rio. Não é o único policial que troca a segurança pública pela privada: o coronel Ferreira Pinto, ex-secretário da Segurança de São Paulo (estava no cargo durante a guerra em que o PCC matou quase cem policiais), não apenas foi contratado pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para chefiar a segurança da entidade, como também se inscreveu no mesmo partido do patrão, o PMDB, para se candidatar a deputado nas eleições do ano que vem. Skaf quer ser governador. Jogo não jogado A aliança entre Marina Silva e Eduardo Campos muda todo o quadro eleitoral para 2014 - o problema é saber quais serão as mudanças. Não há uma soma automática de intenções de voto de Marina e de Campos: pode haver uma redução, pode haver uma multiplicação. Quem será candidato à Presidência, quem será seu vice, Campos ou Marina? Depende: há ainda mais de seis meses para decidir. O que parece certo é que tanto Campos quanto Marina passaram para o campo da oposição. Em caso de segundo turno, podem receber o apoio de Aécio ou apoiá-lo, conforme o caso. É difícil que fechem com Dilma. Neste ponto, Dilma foi prejudicada; Aécio também, mas em caso de aliança no segundo turno, mesmo ficando fora, terá compensações. E ninguém se iluda acreditando que o PT marchará sossegado para a derrota. Se tudo estiver dando errado, sempre resta o trunfo máximo dos petistas: trocar Dilma por Lula. E o jogo embola de novo. Saudades de Lula A base governista não consegue esconder a nostalgia dos tempos que se foram. A senadora amazonense Vanessa Graziotin (PCdoB), da tribuna, discursou: "A presidente Lula (...)" Depois, percebendo o ato falho, corrigiu-se. Atenção, leitor, nada de maldade: Vanessa manteve o "a" e trocou "Lula" por "Dilma". Os voos de Ideli A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, do PT, pré-candidata ao Governo de Santa Catarina, andou circulando pelo Estado a bordo do helicóptero do SAMU, o Serviço de Assistência Médica de Urgência. É o único helicóptero equipado para atendimento médico; e, para atender ao conforto de Sua Excelência, equipamentos como maca e tubo de oxigênio são retirados. Mas pelo menos a ministra cuidava, ao usar o helicóptero, de assuntos de sua pasta? Imagine! Foi inaugurar obras, participar do lançamento de projetos, entregar casas populares, assistir à formatura de bombeiros - aquilo que, se o PT flagrasse algum adversário fazendo, diria que era campanha eleitoral. Segundo o Ministério, o uso do helicóptero foi legal. Claro: quem usufrui da mordomia sempre acha tudo legal. |
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terça-feira, 8 de outubro de 2013
Quem policia a Polícia. Coluna Carlos Brickmann
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