Paris (Prensa Latina)
Assentados na Europa desde a Idade Média, ao redor do ano 1400 de nossa era, os ciganos constituem a maior minoria étnica do continente e também a mais perseguida, vítima de preconceitos, discriminação e maltratos.
Sabe-se que partiram de algum lugar do norte da Índia, possivelmente fugindo das invasões mongóis e muçulmanas, e depois de 600 anos chegaram ao Bósforo e dali ao sul da Grécia, numa região chamada o “pequeno Egito”.
Uma das teorias sobre seu nome reforça esta hipótese pois ao chegar a terras da península ibérica foram denominados como “egiptanos”, palavra que derivou na atual designação de “gitanos”, ainda que entre eles se definem como “roms” segundo seu próprio idioma, o romani.
Os preconceitos contra os ciganos foram se acumulando durante séculos no imaginário popular, o que provocou, por sua vez, um maior isolamento entre estes grupos. O século XX não fez senão aumentar os males destas comunidades em solo europeu, sobretudo na medida em que se fortaleceu o regime nazista e suas teorias sobre a pretendida pureza da raça ariana.
Em 1934 começou-se a praticar a esterilização de roms por meio de injeções ou castração na Alemanha e quando estourou a guerra lhes concentrou em campos de trabalho e extermínio, como Dachau, Sachsenhausen e Buchenwald.
HOLOCAUSTO
O holocausto cigano é pouco estudado e desconhece-se o número exato de vítimas, mas especialistas assinalam que essa população ficou reduzida a menos da metade no final do conflito, quando suas condições de vida também não melhoraram.
Sua existência passou despercebida durante o processo de construção da União Europeia (UE), que ocupou boa parte da segunda metade do século XX, e a princípios do século atual lhes mantém à margem dos benefícios sociais e políticos destas estruturas.
A maior parte dos 10 milhões de ciganos na UE são cidadãos de países membros desse mecanismo, mas pertencem a uma espécie de segunda categoria, estão fora do chamado “estado de bem-estar”, e carecem de emprego, saúde, educação e liberdade de mobilização.
Talvez de maneira involuntária a França contribuiu a que se atentasse sobre eles quando o ex-presidente Nicolás Sarkozy (2007-2012) aplicou uma política de expulsões em massa, que provocou uma onda de reações adversas em todo o continente.
Ainda que a pressão externa tenha obrigado o governo francês a frear essas medidas, a situação no interior do país tornou-se a cada vez mais precária e não mudou com a chegada das novas autoridades em maio de 2012.
A 21 de março deste ano, a Comissão Nacional Consultiva dos Direitos Humanos assegurou em seu relatório sobre racismo e xenofobia que “mais ainda que os muçulmanos, os roms migrantes sofrem de uma imagem extremamente negativa”.
Segundo um questionário feito pela entidade, uma ampla maioria de franceses tem um mau conceito destes grupos, sem conhecê-los a profundidade.
Organizações humanitárias assinalam que, ao expressar sua opinião sobre esta comunidade, a população ignora ou evade o tema da proibição de lhes dar trabalho, os obstáculos para inscrever seus filhos nas escolas ou as consequências da constante destruição e desalojamento de seus acampamentos.
A cada vez que são expulsos de um lugar, as crianças perdem sua vinculação docente e os doentes, muitos com padecimentos crônicos, interrompem seu tratamento com severos danos para sua saúde.
Segundo os especialistas, será impossível conseguir a inserção efetiva dos ciganos à sociedade, se dantes não se rompe a corrente histórica de preconceitos e discriminação, e lhes abrem as mesmas possibilidades que ao resto da população europeia. (transcrito do site Pátria Latina)
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