quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Operários são resgatados de trabalho escravo em fábrica de cerveja em MG

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Trabalhadores de obra em Uberlândia estavam no alojamento precário.
Ambev diz que determinou rescisão de contrato com prestadora de serviço.

Augusto MedeirosG1 Triângulo Mineiro

Vinte e um trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão durante uma operação conjunta realizada pelo Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho e Emprego e pela Polícia Militar. Eles trabalhavam na obra de construção de uma fábrica de cervejas da Ambev em Uberlândia, próximo à BR-452, e eram mantidos sob vigilância armada. A Ambev informou por meio de nota, que assim que tomou conhecimento da denúncia determinou a rescisão do contrato com a empresa que prestava o serviço e o encerramento de todas as suas atividades no canteiro de obras da unidade.
A fiscalização ocorreu na madrugada da última sexta-feira (18). O alojamento estava em péssimas condições de higiene, não havia colchões para todos os empregados e alguns eram obrigados a dormir na garagem da casa. Durante a fiscalização, os empregados denunciaram que a refeição servida era azeda e que havia grande quantidade de insetos no local. “Foram vários elementos averiguados e identificamos a situação como sendo de trabalho em condições análogas à escravidão”, disse o procurador do Trabalho, Paulo Gonçalves Veloso.
Segundo ele, quase todos os trabalhadores tinham sido levados da cidade de Manoel Imídio, no Piauí. Eles estavam em Uberlândia há cerca de três meses. Os trabalhadores foram contratados pela RRA Pisos Industriais Ltda que foi terceirizada pela empresa Marco Projetos e Construções de Porto Alegre.
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Trabalhadores estavam em alojamento sem condições (Foto: TV Integração/Reprodução)Trabalhadores estavam em alojamento sem condições (Foto: TV Integração/Reprodução)
O encarregado da empresa RRA Pisos Industriais Ltda estava armado no alojamento e foi preso. A arma apreendida não tinha registro e o homem não tem porte legal de arma. Por telefone, o gerente administrativo da empresa RRA Pisos Industriais Ltda, que contratou os funcionários no Piauí, informou ao MGTV que a empresa não irá se manifestar sobre o caso. Já o encarregado que foi preso em flagrante por porte ilegal de arma, pagou fiança e foi liberado, segundo o Ministério do Trabalho.
Os trabalhadores serão levados de volta para a cidade de origem.A Polícia Militar informou que ainda são investigadas denúncias de agressões físicas sofridas pelos trabalhadores tanto no alojamento quanto no canteiro de obras. A ocorrência da obra foi registrada em boletim de ocorrência.
Sobre o assunto, a empresa “Marco Projetos e Construções” informou que assim que ficou sabendo da situação, tomou todas as medidas para atender aos interesses dos trabalhadores. Como os operários estavam fora do canteiro de obras, a empresa não tem nenhuma participação no caso.
Já a assessoria de imprensa da Ambev informou que ao tomar conhecimento da denúncia determinou a rescisão do contrato da empresa com a RRA Pisos Industriais Ltda e o encerramento das atividades no canteiro de obra de sua unidade. Além disso, irá acionar judicialmente a empresa contratada por descumprimento do contrato no que diz respeito às condições de trabalho de seus empregados. Por fim, diz repudiar toda a qualquer situação contrária aos direitos dos trabalhadores.

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