quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Bastidores da sucessão: Estratégia de Lula começa a dar resultado e Dilma perde espaço no PT.


Carlos Newton
Cada vez mais assediado para se candidatar à sucessão, o ex-presidente Lula é obrigado a exercitar o cinismo, uma arte na qual praticamente todos os políticos parecem ser mestres. A situação é delicada, porque ele está em plena campanha, com uma agenda sempre lotada de compromissos em diferentes pontos do país, dando uma entrevista atrás da outra, e por enquanto não pode admitir ser candidato, pois causaria uma grave crise institucional.
A estratégia de Lula é evitar uma briga interna e externa que possa prejudicar o PT e enfraquecer a base aliada (PMDB, PDT, PTB, PP, PSC, PR e por aí em diante), uma máquina gigantesca e eleitoralmente poderosíssima. Lula quer fazer uma transição consensual entre a candidatura da presidente Dilma Rousseff e sua própria candidatura, que ocorreria como uma decisão partidária normal, aceitável e pragmática, visando a manutenção do poder.
Ou seja, havendo uma transição consensual, Lula jamais poderia ser considerado traidor de Dilma Rousseff. Pelo contrário, o objetivo é ser considerado o salvador do PT e dessa descomunal base aliada, que vive pendurada nas tetas do poder.
XADREZ POLÍTICO
Como grande-mestre nesse intrincado xadrez político, Lula já conseguiu o primeiro grande passo – fazer com que a presidente Dilma Rousseff continue perdendo apoio dentro do PT.  O segundo passo não depende dele, mas da competência da equipe econômica do atual governo, que não consegue retomar um crescimento consistente e agora se socorre nos R$ 15 bilhões do leilão de Libra .
Este é realmente o ponto-chave da sucessão presidencial – se a economia deslanchar, Dilma pode crescer nas pesquisas e inviabilizar a candidatura de Lula. Caso contrário, a vaga será dele. Esse é o quadro atual. Embora nada impeça que Lula se aborreça e se lance candidato, mesmo se Dilma estiver bem cotada no final do primeiro semestre de 2014, quando o PT realizar sua Convenção Nacional. Tudo é possível.
A única coisa certa é que Lula e Dilma hoje se odeiam. Criador e criatura se enfrentam numa guerra de extermínio, que por enquanto se trava em silêncio nos bastidores do PT e da política nacional, mas tende a explodir como uma inevitável bomba-relógio.

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