- Cesppa terá o poder de censurar divulgação de dados públicos que forem considerados estratégicos
CARACAS - O governo venezuelano anunciou esta semana a criação do Centro Estratégico de Segurança e Proteção da Pátria (Cesppa), um órgão que poderá classificar como secreta qualquer informação que considere estratégica para a Venezuela. Se entender que há a necessidade de prevenir e neutralizar potenciais ameaças internas ou internas, o Cesppa vai censurar a divulgação de qualquer dado do governo ou entidade pública, em ação semelhante ao que era feito pelo Centro Situacional de Estudos da Nação (Cesna) criado por Hugo Chávez.
O decreto é quase idêntico ao firmado por Hugo Chávez em 1° de junho de 2010, criando o Cesna. A única diferença, segundo o jornal “La Nación” é que o Cesppa é ligado diretamente a Maduro, pelo Ministério de Despacho da Presidência e Seguimento da Gestão de Governo, em vez do Ministério das Relações Interiores e Justiça, órgão ao qual estava ligado o Cesna.“O órgão solicitará, organizará, integrará e avaliará as informações de interesse em nível estratégico da nação, associadas a atividade inimiga externa ou externa, proveniente de todos os órgãos de segurança e inteligência do Estado e outras entidades públicas e privadas, segundo o que for solicitado pela Direção Política e Militar da Revolução Bolivariana”, diz o texto publicado no Diário Oficial da Venezuela do dia 7 de outubro.
A criação do Cesppa é mais um movimento de Maduro em sua guerra contra os meios de comunicação na Venezuela. Na semana passada, ele definiu como “um crime” a divulgação de notícias sobre a escassez de produtos nos mercados, um problema grave e recorrente no país. E pediu que a Justiça venezuelana aplique sanções drásticas aos meios de comunicação que insistam nessa cobertura.
Associações venezuelanas de imprensa denunciam que a censura à mídia tornou-se uma política de Estado. Desde a venda, em março, da Globovisión - até então um dos raros canais independentes no país - e do conglomerado de comunicação Cadena Capriles, acertada em junho, quase não restam meios críticos ao governo chavista.
Em março, então como presidente interino, Maduro já intimidara os meios de comunicação que publicassem notícias sobre a violência no país, acusando-os de serem “sádicos do jornalismo”. O governo chegou a impor uma multa ao jornal “El Nacional” - de 1% de sua receita bruta - por publicar uma foto do necrotério de Caracas com pilhas de corpos de vítimas da insegurança na capital.
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