fonte: Folha
“Tempo é dinheiro. E meus clientes geralmente têm muito de um e pouco de outro”, diz o corretor Charles Henry Calfat Salem, 24.
Levando em conta que ele negocia imóveis de até R$ 30 milhões, dá para imaginar o que abunda e o que está em falta.
O empresário francês abriu neste semestre uma imobiliária nos Jardins com o lema: você não precisa se deslocar para “visitar” seu novo lar.
Isso porque todo apartamento e casa na carteira de Charles é fotografado com máquinas 3D, e fotos de vários endereços são exibidas numa sessão só, na minissala de cinema com ar-condicionado, uísque e privacidade. “Tem champanhe também, mas deixamos para comemorar o fechamento de negócio.”
A sãopaulo botou óculos para testar a tecnologia. As imagens do tríplex de quatro suítes e 1.600 m² nos Jardins ganham profundidade na tela, mas será que justifica a compra sem nunca ter passado da soleira?
“A ideia não é fechar negócio, só de mostrar opções para o cliente escolher e visitar uma ou duas. Assim, evita o trânsito”, diz o empresário.
Depois da primeira sessão, as visitas físicas são feitas com uma Mercedes da imobiliária.
“É ótimo e ninguém fica sabendo aonde você está visitando imóvel, o que pode ser perigoso. Sequestro, sabe?”, afirma um empresário que está em processo de achar uma casa de seis quartos e pede anonimato.
Grande parte da seleta clientela vem dos contatos da família, admite Charles. Ele é filho de Carlos Eduardo Calfat Salem, um empresário famoso do ramo que tem vários prédios na região da avenida Paulista –inclusive o na alameda Santos, onde fica o negócio do herdeiro.
COMPRAR NUM CLIQUE
Imobiliárias maiores também constroem tecnologias para encampar a tendência. “Quando lançamos um produto, é difícil passar para o cliente a realidade desse prédio, que ainda não existe”, afirma Fátima Rodrigues, da Coelho da Fonseca.
Para ajudar a concretizar a estrutura de concreto que ainda não está lá, usam tours virtuais. Ferramentas que mostram fotos e croquis dos apartamentos pela internet ganharam peso, segundo o mercado.
“Tem acontecido bastante de pessoas comprarem on-line”, diz Fátima. Tanto que, na terça, uma brasileira radicada nos EUA fechou negócio a meio mundo de distância da nova casa –um apartamento em prédio dos Jardins com apês de 30 m a 60 m que saem de R$ 750 mil a R$ 1 milhão.
Alexandre Tagawa, da construtora Eztec, diz nunca ter batido o martelo a distância. “Mas o cliente inicia a compra on-line. Uma experiência que ele materializa se o nível do empreendimento é o que ele procura.”
A empresa deve lançar em alguns meses novo site, com vídeos em alta definição de cada um de seus lançamentos para potenciais compradores acessarem em tablets e telefones.
“É engraçado adquirir um imóvel num lugar aonde não se conseguiria chegar normalmente, por conta do trânsito”, diz o arquiteto Ricardo Alun, 32, que estuda a prática. “O cliente precisa ter em mente que é uma casa, não uma ida ao cinema.”
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