O romancista, musicólogo, historiador, crítico de arte, fotógrafo e poeta paulista
Mário Raul de Moraes Andrade (1893-1945) confessa, no poema “Quarenta Anos”, seu querer amar a morte com o semelhante engano que amou a vida.
QUARENTA ANOS
Mário de Andrade
A vida é para mim, está se vendo,
Uma felicidade sem repouso;
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
Só pode ser medido em se sofrendo.
Eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
Só pode ser medido em se sofrendo.
Bem sei que tudo é engano, mas sabendo
Disso, persisto em me enganar…Eu ouso
Dizer que a vida foi o bem preciosoQue eu adorei. Foi meu pecado…Horrendo
Disso, persisto em me enganar…Eu ouso
Dizer que a vida foi o bem preciosoQue eu adorei. Foi meu pecado…Horrendo
Seria agora que a velhice avança,
Que me sinto completo e além da sorte,
Me agarrar a esta vida fementida.
Que me sinto completo e além da sorte,
Me agarrar a esta vida fementida.
Vou fazer do meu fim minha esperança,
Oh sono, vem!…Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano com que amei a vida.
Oh sono, vem!…Que eu quero amar a morte
Com o mesmo engano com que amei a vida.
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