terça-feira, 24 de setembro de 2013

Adeus, PDT!


VIVALDO BARBOSA
O PDT é dirigido pela dupla Lupi e Manoel Dias, que, com a morte de Brizola, colocaram o livro de atas debaixo do braço e montaram uma estrutura de domínio do partido com a permissividade dada às direções partidárias pela legislação. Têm o assentimento das bancadas na Câmara e no Senado, pois distribuem o mando nos estados com os deputados e senadores.
Em troca do apoio ao governo federal, nas votações na Câmara e no Senado e no tempo de televisão nas campanhas eleitorais, a dupla recebeu o Ministério do Trabalho, que é ocupado, ora por um, ora por outro. Nos estados e nas prefeituras, independentemente da coloração política do governador ou do prefeito, reproduzem a mesma aliança: o PDT e o ministro indicam os secretários do Trabalho. As verbas saem do Ministério, vão para as secretarias administradas por secretários indicados por eles e são direcionadas para ONGs ocupadas por gente a eles ligadas, que recebem e repartem as verbas. O mesmo grupo de deputados, secretários, seus assessores, os dirigentes amigos das ONGs, ocupam o Diretório Nacional do PDT, fonte originária de todo esse esquema de poder para aproveitamento de verbas públicas. Dos mais de trezentos integrantes que compõem o Diretório Nacional, entre 10 e 20% são de militantes trabalhistas e nacionalistas autênticos e originais.
Além do esquema das verbas do Ministério do Trabalho, há o Fundo Partidário, que deveria financiar atividades político-partidárias, hoje de valores elevados, a despertar a mesma cobiça. Mas o PDT não tem vida orgânica, é administrado por meio de comissões provisórias nos estados, que por sua vez as repetem nos municípios. Não promove estudos, nem debates, nada publica. Ainda há a cessão de legenda e tempo de televisão nas eleições, outro espaço de negociação.
O PDT é um ambiente de procura de vantagens, não mais participa das lutas do povo brasileiro, está muito distante de ser um partido trabalhista e nacionalista como caminho brasileiro para o socialismo, como era o desejo e a esperança de Brizola.
Nós, de longa data de militância partidária, fundadores do partido alguns, outros que foram colaboradores de muito tempo e muito perto de Brizola, organizamos o Movimento de Resistência Leonel Brizola para lutar pela volta do partido às suas origens e não permitir que fosse desviado de seus trilhos. Temos lutado durante os últimos anos, feito reuniões, manifestações, contatos com bancadas e outra instâncias, lançamos diversos documentos, até realizamos convenções nas ruas, fomos à Justiça. Nada adiantou.
O PDT não tem mais jeito. Não nos resta mais esperança de ver o partido voltar ao seu leito histórico de honradez e firmeza de princípios. Permaneceremos fiéis às lições de Brizola.
É com lágrimas de sangue e com dor de carne exposta que saio do PDT e tiro uma camisa que é como se retirasse a própria pele.
Vivaldo Barbosa foi deputado federal, líder do PDT e secretário de Justiça do governo Leonel Brizola.

Transcrito do Blog Radio do Moreno

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