quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Um verão na Bretanha, por Ana Carolina Peliz


Eu passei o último fim de semana na Bretanha, uma região da França que conheço bem porque passo praticamente todas minhas férias por lá. A Bretanha é aquela pontinha da França, a parte mais ocidental do país, exatamente onde o vento faz a curva. É o fim da terra, o “Finistère”, ou o começo dela, como preferem dizer as pessoas que vivem por lá.
Breizh, como é chamada em idioma bretão, é uma região a parte. Cercada de mar por todos os lados, quase como uma ilha ligada à França por um pedaço de terra, ela sempre viveu um pouco isolada do resto do país. Dizem que isso forjou a peculiar personalidade do bretão, diferente do resto dos franceses.
Eles são, em geral, muito simpáticos e acolhedores, simples mas orgulhosos de sua região. Também são aventureiros. A maioria dos franceses que encontrei morando no exterior vinha da Bretanha. Dizem as más línguas que é porque ninguém consegue morar lá por causa do mau tempo. Mas isso é uma grande injustiça. Acho que é porque eles são pessoas do mar, sempre tentados a zarpar no primeiro barco que ancorar no porto de Brest.
Em geral, os franceses gostam muito desta região, que ainda preserva o mistério e a beleza perdidos pelo litoral do sul do país. A paisagem é linda e as praias mais vazias. Quem dita o ritmo são as marés, as mais fortes e impressionantes do mundo. Em algumas horas do dia o mar desaparece e os barquinhos ficam caídos na areia esperando pacientemente ele voltar. Existem até mesmo sites onde você pode consultar os horários das marés e organizar seu séjour na região.

Bretanha, França

As marés são previsíveis, mas infelizmente não podemos dizer o mesmo do clima. Durante o verão, você tem todas as estações do ano em um mesmo dia. A única certeza é de que vai chover.
A bebida típica da Bretanha é a cidra, e a comida, os crepes. Os salgados são chamados de galettes e são feitos com farinha de trigo sarraceno e têm um gosto mais forte. Outras iguarias desta região são o kouign amann, bolo de manteiga – eu recomendo os de Roscoff, os melhores de toda a França – e o caramel au beurre salé, um tipo de doce de leite feito com manteiga salgada.
A Bretanha é terra de celtas, de lendas milenares, de cidades com nomes estranhos que quase sempre terminam em “ic”, “ec” ou começam em “plou”: Plouguerneau, Ploumanac’h, Carantec, Perros-Guirec, Binic, e de pessoas acolhedoras. Ainda que seja um pouco longe de Paris, achei que valia a pena incluí-la em nosso roteiro de verão.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela escreve aqui todas as quintas-feiras.

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