quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Onde a 5ª queda consecutiva da renda já está sendo sentida


Julho apresentou o 5º recuo seguido da renda média do trabalhador – e o varejo dá sinais de que está sentindo o tranco




Mauricio Piffer/Bloomberg
Mulher ajeita sapatos da vitrine de uma loja no Shopping Morumbi, em São Paulo
Mulher ajeita sapatos da vitrine de uma loja no Shopping Morumbi, em São Paulo
São Paulo – Nesta quinta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a renda média do trabalhador brasileiro foi para 1.848,40 reais em julho. Em relação a julho de 2012, houve crescimento foi de 1,5%, mas em termos mensais, é a 5ª queda seguida. O recuo foi de 0,9% em relação a junho e de 1,7% em relação a fevereiro, quando a renda média era de 1.881,25 reais.
Um dos motivos para isso é que os reajustes salariais têm sido menores. De acordo com dados do Dieese, 84,5% das negociações no primeiro semestre renderam aumentos acima da taxa de inflação. No mesmo período do ano passado, a proporção era de 96,3%.
O recuo da renda nos últimos seis meses é mais um dado em um cenário econômico pouco animador. Em julho, a inflação bateu 6,27% no acumulado de 12 meses – quase no teto da meta do governo, de 6,5%.
Apesar de ter sido de apenas 0,03% no mês, ela deve sentir a partir de agora um maior efeito do repasse cambial devido à alta do dólar. O ministro da Fazenda Guido Mantega já diminuiu sua projeção de crescimento para 2013 de 3,5% para 2,5%, enquanto os economistas do boletim Focus projetam 2,21%.
Setores
A queda na renda ainda é recente, e é difícil isolar seu efeito em meio à inflação e a desaceleração econômica geral. No entanto, os últimos meses mostraram indícios negativos no setor naturalmente mais afetado pela queda na renda do trabalhador: o varejo.
Em junho, as vendas do varejo cresceram 1,7% em relação ao mesmo mês – o menor aumento desde 2003. As vendas do setor de “tecidos, vestuário e calçados” caíram 3,2% em relação ao mesmo mês no ano passado. No segmento de “hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo”, a queda foi de 0,8%.
No semestre, o crescimento do varejo ficou em 3% em relação ao mesmo período de 2012, a pior taxa desde a segunda metade de 2005. Grandes varejistas como Pão de Açúcar e Renner já estão se movimentandopara compensar com cortes de despesas e diversificação as receitas menores com o baixo crescimento 
De acordo com a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito, o último dia dos pais teve o pior resultado de crescimento em três anos. As vendas a prazo para a data subiram 10% em 2010, 6,86% em 2011, 4,75% em 2012 e 3,78% em 2013.
Números da Serasa Experian mostram que também houve um aumento no volume de cheques sem fundo, que pularam de 1,94% em junho para 2,03% em julho, acima dos 2% no mesmo mês do ano passado. Já as vendas de veículos novos em julho caíram 6% em relação a julho do ano passado, de acordo com dados da Anfavea.
Por outro lado, o desemprego foi para 5,6% em julho, a primeira queda do ano, apesar da geração de empregos para o mês ter sido a pior desde 2003.

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