15/06/2013
Rapphael Curvo (*)
Mas uma benesse está sendo lançada pelo governo federal para o deleite da população menos favorecida neste Brasil. Acontece que esse segmento populacional representa cerca de 60% da população ativa do País e talvez, 90% dos analfabetos funcionais e educacionais. Então, tal lançamento é recebido com alegria e muita festa, afinal são cinco mil reais para gastar com eletrodomésticos e outras “especiarias” inúteis. Valor que poderia dar a esse povo, a sua liberdade financeira via preparo profissional de forma a que se posicionasse no mercado de trabalho com melhores condições salariais e de ganhos.
Preocupante é ver famílias em êxtase por tal bondade financeira, marca do governo desde 2003 com a distribuição de dinheiro com Bolsa Família, Bolsa Natalidade etc sem exigir contrapartidas levando muitos ao ócio. Há uma crença velada de que tal dinheiro ora em distribuição, não será pago pelo uso. No final, a dívida é perdoada e novos cartões de créditos emitidos. É a insolvência anunciada já que tais usuários deste crédito eleitoreiro estão na atualidade sufocados por excesso de pagamentos de prestações de carnê e outros créditos bancários, consignação entre eles. Os custos de alimentação, vestuários, energia, saúde e tantos outros estão em processo de alta, mesmo com as desonerações do governo. Ao comprar eletrodomésticos, aumentam-se a conta de energia, mas o ganho mensal será o mesmo, reduzido das prestações das parcelas. É o presente de grego.
A propalada redução dos 20% do custo da energia já foi “engolida” pelo uso das termoelétricas e dos repasses para cobrir os desembolsos do Tesouro Nacional para subsidiar. No fim, apenas se faz o rodeio dos custos e dinheiro. É aquela “estória” do cheque que rodou, rodou, rodou e voltou para a mão do emissor. José que emitiu para pagar João, que pagou Mário, que pagou Alfredo, que pagou Arnaldo que pagou o José, o emissor. O José é o Tesouro Nacional que somos nós. Está escrito nas estrelas e só não vê quem não quer que este crédito lançado para movimentar a economia é uma arapuca eleitoral montada para 2014. Estamos a um ano das eleições e “tá na cara que o prazo de um ano desta benesse será prorrogado, em pleno período eleitoral”. No mínimo será aumentado para dez mil reais.
Ao buscar estimular a economia quase estagnada com esse novo pacote de bondades sociais, o governo federal busca aquecer o consumo e por conseqüência a produção industrial. Injeta dinheiro no mercado com forma de incentivar a indústria brasileira no aumento de sua produção e com isso assegurar o mercado de empregos aquecido. Não é o que acontece. Os efeitos de tal política irá ter pouca influência na economia. Penso eu que o consumo desejado como estimulador e de expansão econômica, tem que ser via o caminho do investimento e não do endividamento da população. Acreditar que procedendo com lançamento de pacotes de benefícios financeiros à população trará crescimento da economia e conseqüente controle inflacionário, é acreditar em papai Noel.
John Maynard Keynes ensina que o Estado deve intervir na economia naquilo em que a iniciativa privada não corresponde. A intervenção é feita com investimentos de forma que a circulação de riquezas gere consumo e com isso estimule a economia. O que estamos observando é que a intervenção do governo federal até a presente data não tem conseguido resultados, não somente pelos erros econômicos dessa intervenção, mas como também, principalmente, pela incompetência de fazer andar os diversos projetos de investimentos, como o PAC por exemplo. O PAC é um dos investimentos de base que deve ser promovido pelo Estado. Caso todo o recurso destinado pelo PAC tivesse sendo aplicado, quem sabe a economia brasileira já tivesse deslanchado.
O que vemos é que não é isso que acontece. Obras estão paralisadas em todos os cantos do nosso Brasil. Até a nossa querida e idolatrada Petrobrás teve revogada a sua Certidão Negativa de Débitos emitida pela Fazenda Nacional, não permitindo que ela importe ou exporte combustível até que recolha mais de 7,5 bilhões de reais que deve ao fisco. Buscar por estímulos para a economia é o dever de todo governante, mas para isso é preciso ter uma boa equipe e não se utilizar desse estímulo para cooptar votos. Investir onde a iniciativa privada não chega é fundamental. A ideia do governo é correta, o caminho é que está errado.
(*) Jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes-RJ
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