sexta-feira, 1 de março de 2013

Decoração ou design de interiores



Posted: 28 Feb 2013 08:06 AM PST
Muitas pessoas perguntam se existe alguma diferença entre decoração e design de interiores ou qual das duas palavras é a mais correta de se usar.
Eu acredito que o design de interiores é a palavra que define de forma mais ampla o que nós profissionais de interiores fazemos. Não que a palavra decoração esteja errada, mas o design é um trabalho que envolve mais etapas. Quando pensamos em decorar, temos ideia de adorno, como decoração de festa ou casamento. São as flores, vasos, enfeites, quadros, etc.
Em um projeto de interiores, seja residencial ou comercial, temos outras fases que precedem a decoração. Vou dar exemplo das etapas de um projeto de design de interiores residencial, com plantas e fotos.
A primeira coisa a ser feita é entender com clareza o que o cliente quer. Muitas vezes temos que ajudá-lo a descobrir seus gostos. Nessa hora, amostras e referências fotográficas ajudam o processo.
Feito isso, rascunhamos as primeiras ideias básicas no papel. Após alguns estudos, formatamos a planta de layout. O layout contempla a definição dos espaços, posição dos mobiliários e a sua proporção. Nele podemos entender as distancias e como será o fluxo das pessoas pelos ambientes. A planta é a mais importante, pois baseado nela é que serão estudados todos os demais fatores do projeto.

O layout é apresentado ao cliente, que pode fazer todas as considerações ajustando a sua necessidade. Depois de aprovado, partimos para a parte da execução.
É preciso fazer um estudo de alvenaria para verificarmos as paredes que serão removidas ou adicionadas, lembrando que é alterado somente o que não for estrutural. Muitas vezes pode ser algo mais simples, como a abertura de um vão de porta ou integração de um quarto à sala, ou seja, a famosa opção ampliada.
Depois estudamos os pontos de elétrica, telefonia e lógica. Sua posição, altura, quantidade. Se existe uma interação com automação. Nessa hora, podemos projetar um interruptor ao lado da cama para ficar mais fácil desligar a luz na hora de dormir.
Para uma iluminação mais impactante, precisamos embuti-la em um forro de gesso. A planta de forro mostra a altura do rebaixo e os detalhes de molduras, sancas ou qualquer outro detalhe.
O piso também recebe a nossa atenção. A paginação de pedras, como mármore e porcelanatos, e a posição das réguas do piso de madeira também são estudadas.
Na sequência, temos toda a parte de marcenaria, como armários, painéis, gabinetes, portas, estantes, cabeceiras e tudo o que for ‘customizavel’ em madeira. Lembrando que cada um desses itens é executado por empresas especializadas. No caso da reforma, o trabalho deve ser feito por uma construtora; nas marcenarias, por marceneiros ou nas lojas de móveis planejados; e no caso da iluminação e automação, por lojas e empresas do setor.
Passada toda a fase de reforma e do trabalho de marcenaria, é o momento da parte mais decorativa do processo: a compra de mobiliário, escolha de tapetes, cortinas e papeis de parede. Mas antes de começar essa etapa definimos o esquema de cores que será usado no projeto.
É um estudo de tecido, amostras de matérias que definem as gamas de cores que serão utilizadas. Dessa forma fica mais fácil comprar os itens para conversarem entre si.
Saímos, então, a campo, junto com o cliente, para escolher os itens de mobiliário. Esses devem respeitar duas coisas, a proporção da planta de layout e o estilo do projeto. Uma dica que costumo dar às pessoas é para ir à loja para escolher o móvel, principalmente se for uma peça importante, como o sofá do Home Theater. Cada pessoa tem uma ergonomia diferente, é importante fazer um “test drive” antes de comprar. Uma peça como uma mesa até pode ser comprada via catálogo ou internet, mas quando se trata de conforto, eu prefiro definir ao vivo e em cores.
Feito tudo isso,chega a hora mais importante, a produção. Com tapetes, cortinas, papéis de parede e móveis já colocados em seus respectivos lugares é o momento de colocar os adornos. São obras de arte, vasos, almofadas, mantas, garrafas, abajures, esculturas, livros, flores e tudo o mais que for objeto decorativo.
  
Como dá para perceber, existe muito trabalho antes de decorar. O termo decoração não é errado e ainda é muito usado. Acredito que Design de Interiores seja mais adequado pelo tipo de planejamento e pelas muitas etapas que exige para se conseguir um espaço bonito, prático, funcional e aconchegante.

 


 É importante salientar que num trabalho de interiores nada é aleatório. Tudo tem um motivo de ser, por isso planejar é fundamental.
 Marília Veiga atua há mais de 30 anos como designer de interiores. Possui um amplo portfólio de projetos residenciais e comerciais. Conheça mais sobre seu trabalho nowww.mariliaveiga.com.br

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