sexta-feira, 1 de março de 2013

Cartas de Seattle: Não pode comprar arte? Alugue



Melissa de Andrade
Apreciadores de arte, regozijai-vos. Agora não é mais preciso dispor de uma grande quantia de dinheiro para admirar uma obra inspiradora no conforto do seu lar. Basta uma quantia menor de dinheiro. Bem-vindo ao mercado de aluguel de obras de arte.
No museu de arte de Seattle, SAM, é possível brincar de colecionador gastando a partir de US$ 50. Claro que não vai ser um Andy Warhol como Double Elvis, que tem uma versão na coleção permanente do SAM, mas trabalhos de artistas contemporâneos que vivem e trabalham aqui no Noroeste dos Estados Unidos.
Mais de 1.000 trabalhos em pintura, desenho, gravura, fotografia e outras formas de arte estão disponíveis para aluguel na chamada SAM Gallery. O aluguel mais caro custa algumas dezenas de dólares por um período de três meses.
O serviço é vendido como um teste drive de arte. Você está em dúvida se vai comprar o quadro, vai lá e aluga por até 16 meses. Se quiser ficar com ele, parte do aluguel é abatido do valor final da obra. Se não quiser ficar, pode devolver. Quem sabe pega uma outra peça e por aí vai.
Vale para colecionadores principiantes ainda hesitantes em fazer grandes compras, para amantes de arte que não têm cacife para gastar o valor que as obras valem, e até para empresas em busca de refinamento e personalidade sem o ônus de um inventário permanente. É uma oportunidade de ter um maior contato com produções artísticas sem o comprometimento de investir e manter aquela obra.


Andy Warhol - Double Elvis

Para os artistas, os benefícios são muitos: quanto mais a obra circula, mas se torna conhecida – e mais divulga o trabalho do seu criador. O mercado consumidor se expande consideravelmente: do restrito grupo que pode pagar milhares de dólares em uma única peça para o grupo um pouco maior que pode pagar algumas centenas de dólares.
E tem artista que diz que até financeiramente é melhor. Durante vários anos de aluguel, a obra rende mais do que em uma única venda. Seria o conceito de cauda longa do varejo aplicado ao mundo artístico? 
De qualquer forma a ideia é boa, embora não original. E merece ser replicada. Em tempos de crise, inovação é a alma do negócio.

Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview e, às sextas, escreve para o Blog do Noblat. www.melissadeandrade.com/preview

Nenhum comentário:

Postar um comentário