terça-feira, 13 de novembro de 2012

OBRA-PRIMA DO DIA - GRAVURA Albrecht Dürer e duas de suas fantásticas gravuras



Ao regressar a Nuremberg, em 1495, Dürer retoma seus trabalhos em xilogravuras tendo como tema cenas de devoção popular, que culminarão com a fantástica série de 16 desenhos sobre o Apocalipse, iniciada em 1498. Também são dessa época gravuras sobre a Paixão; a Sagrada Família; alguns santos; a Virgem Maria. Só publicadas muito tempo depois.
Em 1500 ele recebeu a visita do artista veneziano Jacopo de Barbari que o influenciou a desenvolver seus estudos sobre perspectiva, anatomia e proporção. Ele continuava obcecado com a técnica da gravura em metal, que ambicionava dominar.
Dürer era artista prolífico, deixou uma obra imensa, talvez hoje o chamassem deworkaholic, mas era também homem dedicado ao estudo. E conseguiu seu intento. Hoje mostramos duas gravuras marcantes na vida desse artista sem par.

 

'Adão e Eva': em 1504 Dürer já dominava completamente a arte da gravura em metal. A escolha de Adão e Eva deu a ele a oportunidade de mostrar as proporções do corpo humano que tanto estudou, as texturas inteiramente diversas da pele humana, da pele da cobra e da de outros animais; da casca da árvore, das diferentes folhas.
Quatro animais representam a noção medieval dos quatro temperamentos: o gato é colérico; o coelho sanguíneo; o boi é fleumático; o alce é melancólico. 

A simbologia é muito rica: Adão segura um galho de freixo (ou Árvore da Vida, pelas folhas e casca com poderes curativos) e Eva partiu um raminho da figueira, a proibida árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (o fruto dessa árvore tanto pode ser maçã, figo, romã, uva... na gravura, as folhas que cobrem Adão e Eva são da figueira).
Antes da expulsão do Paraíso esses humores eram mantidos sob controle pela inocência do homem. Logo que Adão e Eva comem do fruto da Árvore do Conhecimento, toda inocência é perdida.
Escrito na placa: 'Albrecht Dürer de Nuremberg fez isto em 1504'. Assinado com o monograma AD.
Uma das cópias originais é acervo do Metropolitan de Nova York.  Medidas: 25.1 x 20 cm



‘O Cavaleiro,  a Morte e o Diabo’: para o título Dürer se inspirou em O Manual do Soldado Cristão, escrito por seu contemporâneo Erasmo de Rotterdam, em 1501. Mas também poderia ter usado o Salmo “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”.
Simbolizam a morte: a caveira junto às patas do cavalo e o estranho cadáver sem nariz ou lábios que levanta uma ampulheta em direção ao cavaleiro, para lembrá-lo que seu tempo na terra é limitado. Impávido, o cavaleiro continua em seu caminho olhando apenas para frente, ignorando o Diabo que, atrás dele, tenta um sorriso simpático, mas parece perder o poder ao ser ignorado. Lá bem no alto vê-se uma fortaleza, aparentemente o destino do cavaleiro.
Essa é uma das três gravuras de Dürer conhecidas como suas Meisterstiche, ou gravuras do mestre, por sua excelência sem igual. Ainda veremos as outras duas: São Jerônimo em sua cela e Melancolia I.
Datada e assinada: 1513AD. Medidas: 24.5 cm × 19.1 cm
Uma das cópias originais pode ser vista no Museu Britânico, Londres

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