Rogério Mendelski
A melhor informação (no juízo deste colunista) sobre a Cuba do ano de 2012 foi revelada pelo secretário Ivar Pavan (Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo), integrante da comitiva gaúcha que visitou a ilha dos irmãos Castro, numa missão liderada pelo governador Tarso Genro, integrada por empresários, secretários de governo, deputados e jornalistas.
O secretário Ivar Pavan, um defensor intransigente da Reforma Agrária e do MST, constatou o fracasso da distribuição de terras em Cuba. Terras para plantar existem à vontade, mas faltam agricultores, mesmo com o desejo de 190 mil jovens cubanos de se tornarem produtores de alimentos, desde que possam ser os reais proprietários de seus lotes. A Reforma Agrária de Fidel Castro, feita na marra, apenas levou a ilha, 50 anos depois, a importar seus alimentos com o abandono de 60% das terras agriculturáveis.
Ouvi o secretário Ivan Pavan culpar o “bloqueio econômico” pela falta de máquinas e equipamentos agrícolas para as lavouras cubanas e a necessidade do uso de dezenas de milhares de juntas de boi na preparação da semeadura das terras. Por que não buscar tais equipamentos na China, na Rússia, na Espanha, tradicionais fabricantes de tratores e implementos? Esses países exportam automóveis para Cuba, desde que pagos com dólares, charutos ou açúcar. Aí não tem bloqueio dos EUA? Faltam tratores em Cuba por que não há recurso suficiente para tanta importação.
Estive em Cuba vinte anos atrás e já se via uma quantidade expressiva de tratores russos abandonados em fazendas nos arredores de Havana, por falta de manutenção e as juntas de boi requisitadas provocaram a escassez de carne bovina (mesmo racionada) na mesa dos cubanos. O socialismo soviético implodira em 1989 e o fim de 70 anos de regime resultara no término da ajuda anual de 6 bilhões de dólares para Cuba. O que se espera da missão gaúcha é que nossas empresas – Randon, Agrale, Medabil e outras – tenham êxito nas negociações com Cuba, mas que não vai ser fácil receber dólares dos cubanos, ah… isso não vai.
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