POLÍTICA
Seu comportamento pode até variar um pouco em função de cultura, classe socioeconômica, gênero, etnia, religião, país em que vive. Mas sua característica, em geral, é a inexistência de motivação para buscar uma ocupação profissional, um curso de formação ou qualquer coisa que envolva comprometimento para se tornar ativa e independente.
Foram-lhe negadas condições? Este século nada tem a ver com tempos recentes em que pais e mães avisavam os seus rebentos: “Se não quiser estudar, vai trabalhar!”
Porém, diga-se de passagem, a prioridade da família estava na educação. Se um filho estudioso chegasse, inesperadamente, dizendo que havia arranjado um emprego, era aconselhado a desistir dele para não perder a oportunidade de se dedicar com exclusividade aos estudos. Quando essa oportunidade existia, óbvio.
Então havia jovens que somente estudavam, estudavam e trabalhavam, só trabalhavam; e pouquíssimos nem-nem. Agora, como demonstra a reportagem de Fabiana Ribeiro (O Globo, 16/9), um quinto dos brasileiros entre 18 e 25 anos nem estuda, nem trabalha, nem está interessado em emprego.
Essa fração corresponde a 5,3 milhões de jovens (quase a população da Dinamarca). Isso, com base no censo demográfico do IBGE de 2010, quando a economia do Brasil cresceu 7,5%. Em 2012, as taxas de desemprego se mantêm baixas e os empresários continuam a se queixar de escassez de mão de obra qualificada.
Grande parte dos nem-nem não aceita trabalhar por pouco dinheiro, nem admite a necessidade de aprender mais para ganhar melhor. Quer menos responsabilidade e mais liberdade. Quase sempre para curtir, deixando de lado as “chateações”. Do mundo real, apenas o que é prazeroso. Pensar no amanhã? Como assim? E o dia de hoje?
Não é à toa que o economista Paulo Levy, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, adverte que essa geração perdida vai fazer falta para um crescimento sustentado.
Perigosamente despreocupados ou indiferentes com o próprio futuro, os maiores prejudicados serão os jovens nem-nem da classe média baixa e da classe pobre. Eles poderão ficar eternamente dependentes. Na melhor das hipóteses, da família ou do Estado.
Ateneia Feijó é jornalista
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