segunda-feira, 2 de julho de 2012

ENFIM O JULGAMENTO DO MENSALÃO


Escrito por Leonardo Sarmento . Postado em Política


Imagem: Cartunista Ivan Cabral
Cesar Peluso, Joaquim Barbosa, Ricardo Lewandowiski, Carmem Lúcia, Rosa Maria Weber, Luiz Fux e Dias Tóffoli; todos indicações do PT para o Supremo. Este último, vale lembrar, foi advogado do PT e membro da AGU no governo Lula. Possível enxergar um julgamento imparcial no caso mensalão? A parcialidade é tão manifesta, que cogitou-se da possibilidade do Ministro Dias Tóffoli declarar-se suspeito e não participar do julgamento, hipótese essa incogitável por Lula segundo comando direto do próprio ao Ministro.
Inicialmente tínhamos Ali Babá e os 40 ladrões, o PGR, no entanto, denunciou apenas 38 ladrões e do Ali Babá não se cogitou. Afinal, aqui é Brasil, não é Paraguai. Por aqui blindamos o poder, mas continuemos. Até chegarmos a esse momento que o revisor liberou o processo para julgamento, muitas situações se sucederam. Vamos a algumas delas?
O caso “mensalão” foi enfrentado em regime de guerra. Uma luta que traficou influências em busca da glória e de uma redenção social. Explico: O Governo Lula conseguiu manter-se com bons índices de popularidade, mas sempre se viu impelido a conviver com esse caroço de angu entalado na goela, tendo que ludibriar seus engasgos; teve que conviver com essa pedra no sapato escondendo suas feridas, e claro; contando sempre com a fundamental colaboração do menor discernimento de nossa sociedade. Lula sempre postou-se no sentido da lúdica inocência de seus “companheiros” e jurou o mais profundo desconhecimento dos fatos que a mídia demonstrou ao longo, e posteriormente ao estouro do escândalo. Lula sempre fez questão de se apresentar surdo e cego (não ouvi nada e nada vi!), mudo, lamentavelmente, jamais. Esse grau evolutivo Lula jamais conseguiu alcançar, reverberando sempre pela inocência de sua “quadrilha de amigos”.
Uma absolvição, ainda que por falta de provas de seus protegidos bandidos, ops, companheiros de partido, seria a cusparada de seus engasgos, a pedrada com sapato e tudo lançada na face da oposição, que apesar de vencida nas urnas, sempre fundamentou suas derrotas pelo fato de ser Lula um “mito” criado à imagem e semelhança de seu povo, uma espécie do retorno do “filho de Deus” (sob uma ótica mais carola) ou uma besta quadrada (aos mais céticos). Em ambos os sentidos esse embusteiro conseguiu convencer a maioria, fato.
O foco inicial do PT era postergar o julgamento para depois das eleições que se aproximam. Com prescrições correndo e ministro se aposentando, Cesar “Peludo”, nesse primeiro intento o PT teve que ceder. O foco maior, no entanto é conseguir-se uma “milagrosa” absolvição por falta de provas, já que provas, se o vento não levou (não faço uma paródia ao clássico americano), não faltarão para uma exemplar condenação. Nesse sentido não faltaram encontros entre Lula e certos ministros e assessores. O foco maior é pela absolvição dos “Zés”, o Dirceu e o Genuíno, os outros Zés, os “Zés” manés do esquema, negocia-se uma condenação para não ficar muito feio, mas claro, pelos crimes não prescritos, já que os de menor potencial ofensivo já prescreveram.
No dia 26 do último mês, Lewandowiski – revisor no caso “mensalão” – liberou o processo para julgamento após forte pressão de seu par, o ministro presidente Carlos Ayres Britto, já que revelava-se a data limite. Agora é publicar no D.O. e convocar os advogados. Aliás, a fim de esclarecer, o revisor tem como incumbência complementar o trabalho do relator (ministro Joaquim Barbosa) fazendo observações e correções, quando necessário, sendo também de sua atribuição liberar a ação penal para que seja posta em pauta para julgamento.
Estranho soou a declaração de Lewandowiski de que os seis meses para revisão teria sido um tempo exíguo e que ele tivera batido um recorde para entregar “em tempo” o processo para julgamento. Qual o objetivo desse desnecessário pronunciamento? Ceder argumentos para defesa? Seis meses é o tempo regimental, ainda foram oferecidos outros assessores que o ajudariam a cumprir o prazo, oferta por ele rejeitada. Fiquemos sem entender.
Nesse instante é aguardar a chegada do dia 2 de agosto para se dar início a longa peregrinação que será esse épico julgamento. Torçamos que este seja menos político (traficado de influências) e mais de direito, em respeito às probidades funcionais dos senhores ministros, a ética republicana e ao Estado Democrático de Direito. Torçamos para que não manchem ainda mais de vergonha nossas estórias com histórias mal contadas, como as contadas até o momento pelos interessados. Lembremos que a impunidade é a mola propulsora desse país quando se fala de membros do sistema de poder, que parecem não atingidos pela lei penal, mas blindados pelas imunidades constitucionalizadas e pelas escambiadas que a ética pública jamais deveria cogitar permitir.
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Leonardo Sarmento

LEONARDO SARMENTO

De um humor extremamente cáustico, um amasiado do poder das palavras. Chega ao orgasmo intelectual quando desmistifica o jogo de poder por escritos que perfuram almas desertoras da melhor ética pública desejada.

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