No domingo passado, publiquei a coluna abaixo na “Folha de S.Paulo”.
A reproduzo aqui a título de comentar a chiadeira corintiana sobre a arbitragem caseira de ontem no Equador.
Parece até que não se sabe que é assim mesmo, usos e costumes da Libertadores, um torneio repleto de lances que nem a várzea admite mais.
Mas chorar não adianta.
Adianta romper, cair fora, anunciar que assim não dá mais, que o Brasil não irá disputar.
Duvideodó que não mude imediatamente.
Porque esperar o que de uma Conmebol, cujo presidente, com a concordância da CBF, é simplesmente vitalício, coisa que, aliás, é sabida desde 1997, razão pela qual me espanta o espanto geral.
Loucos pela América
A Taça Libertadores é cada dia mais anacrônica e exige ruptura imediatamente
ATÉ QUANDO os cartolas de nossos clubes submeterão seus jogadores aos horrores extracampo da Libertadores?
Acabamos de ver o Barcelona ser eliminado em Camp Nou e o Real Madrid padecer do mesmo em Santiago Bernabéu, ambos lotados por quase 200 mil torcedores e sem nenhum incidente, sem nenhum objeto jogado ao gramado nem mesmo um lenço ou uma bandeira.
Ao contrário, quase só vemos barbaridades Libertadores afora e ainda somos agraciados, tal a complacência ampla, geral e irrestrita que “Libertadores é assim. Por isso que é gostoso”, como disse o goleiro Rafael logo após o jogo (?) de La Paz.
Ora, em pleno século 21 não dá mais.
Se no século passado os brasileiros se desinteressaram do torneio e os europeus deixaram de vir ao continente para disputar a decisão do Mundial, o que a levou para o Japão, o que explica que hoje em dia tudo seja aceito como se fosse assim mesmo, “gostoso”, ou, no máximo, objeto de protestos formais e inócuos, desses que se fazem para constar?
Há limites para tudo. Será sempre preciso lembrar que futebol é arte, é espetáculo e que a competitividade do jogo não equivale a matar ou morrer?
O futebol que apaixona é o que permite ao Chelsea derrubar o favorito, mesmo sendo pior e jogando pior.
A retranca inglesa, que vale, apesar de chata -e mais sortuda que eficaz, tantas foram as bolas nas traves e até pênalti perdido-, em nenhum momento foi intimidatória mesmo no jogo em sua casa. Jogou-se o jogo nas semifinais da Copa dos Campeões da Europa, mesmo que os resultados tenham frustrado os que, como eu, queriam a final espanhola em Munique.
Mas o que houve em La Paz não foi futebol. Torcer mais para que um time, um ídolo, volte ileso, vivo, de uma partida de futebol do que com a vitória é algo fora de propósito.
E não custa lembrar que o presidente da federação estadual a que o Santos é filiado, do Comitê-Executivo da Fifa, futuro vice e presidente da CBF e, sublinhe-se, do Comitê-Executivo também da Conmebol, se chama Marco Polo Del Nero.
Que nada faz nem mesmo quando lê no sítio da entidade sul-americana a crônica do jogo em La Paz, sem nenhuma referência ao descalabro lá acontecido, como os que acontecem em outras plagas de bravos policiais com seus escudos protetores de escanteios e laterais.
Isso é futebol?
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