A remuneração da caderneta passará dos atuais 6,17% ao ano para 70% da taxa básica de juros quando for menor que 8,5% ao ano, medida vale a partir de amanhã
Do Portal Terra
Os depósitos feitos a partir de sexta-feira (4) na caderneta de poupança terão nova remuneração, de acordo com anúncio feito nesta quinta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A remuneração da poupança passará dos atuais 6,17% ao ano para 70% da taxa básica de juros (Selic) quando for menor que 8,5% ao ano. Atualmente, a Selic está em 9%, o que geraria um rendimento anual de 6,3%. Com a mudança, o governo espera poder baixar mais os juros básicos da economia brasileira.
O obstáculo até agora era a poupança, já que quanto menor os juros, menor também é o rendimento de outros modelos de investimento que usam a Selic como base de remuneração. Com o rendimento do jeito que está, se a Selic baixar mais (como quer o governo), a poupança passará a render mais do que os outros fundos de renda fixa. Assim, os investidores tendem a depositar dinheiro na caderneta de poupança em vez de comprar títulos do Tesouro Nacional.
O Tesouro vende títulos públicos como forma de prolongar a dívida interna do País. Esses papéis também são uma forma de investimento para os compradores, que ganham juros por "emprestar" dinheiro ao governo por um determinado período de tempo. Sem esses compradores, o governo deixa de arrecadar dinheiro para alongar a dívida, tendo que custeá-la com recursos que poderiam ir para áreas prioritárias, como saúde, educação e segurança.
Mesmo com as mudanças anunciadas pelo governo no rendimento da poupança, os poupadores podem ficar tranquilos: o modelo de investimento mais popular do País continuará rendendo frutos. Isso porque é interessante para o governo que a poupança tenha ganho real, ou seja, acima da inflação.
Com um rendimento de 6,3% ao ano - no caso de Selic a 9% -, a área econômica vai empenhar todos os esforços para manter a inflação longe do patamar máximo oficial, que é de 6,5%, o que provocaria perdas para os poupadores.
A ligação do rendimento da poupança à taxa básica de juros é uma maneira eficiente de o governo controlar a política de gastos da população. Isso porque, em geral, o Comitê de Política Monetária (Copom, que se reúne a cada 45 dias para definir a Selic) decide aumentar os juros para conter a inflação. Pela nova medida, ao aumentar os juros, o Banco Central estará estimulando a população a poupar recursos em vez de gastar.
Por outro lado, quando o governo quiser esquentar a economia, basta baixar os juros -e, automaticamente, reduzir o rendimento da poupança - que os poupadores voltarão a consumir e, quem sabe, até retirando recursos da caderneta.
Simulação
Se um poupador tivesse deixado R$ 100 na poupança em 3 de maio de 2011 (há exato um ano), hoje, no aniversário da aplicação, ela teria rendido R$ 7,47 - em um ano, o poupador teria R$ 107,47 investidos na caderneta.
De acordo com dados do Banco Central de dezembro de 2011, 98 milhões de pessoas investiam na poupança - 98,4% dessas pessoas têm menos de R$ 50 mil em aplicações. Até 26 de abril deste ano, a caderneta tinha R$ 431,3 bilhões em investimentos.
Rendimento
Atualmente, a poupança rende 0,5% ao mês, acrescida da Taxa Referencial (TR, que é determinada diariamente), o que dá um total de 6,17% ao ano. Esse pagamento de juros e TR é depositado na conta-poupança no dia do aniversário (se você depositou em 5 de abril, os dividendos são pagos em 5 de maio). O dinheiro aplicado e retirado com menos de 30 dias não rende.
Diferentemente de outras formas de investimento, não há incidência de Imposto de Renda, IOF ou taxa de administração sobre os recursos depositados na poupança, o que a torna uma modalidade atrativa. Com as novas regras a poupança continuará isenta do pagamento de impostos.
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